Una Mierda

Uno é uma merda. Eu não estou falando isso como um caroneiro ingrato ou como um observador impiedoso. Minha conclusão se deve a experiência própria.

Neste momento, Uno é um dos veículos que fazem parte do meu dirigir rotineiro. No primeiro contato, nem parece tão ruim, pois é um carro leve, portanto, a direção hidráulica não faz tanta falta. Sim, estou falando de um modelo sem esse acessório. Uno com direção hidráulica seria uma contradição por si só. Pelo mesmo motivo do pouco peso, o motor 1.0 também não tem rendimento dos piores. É econômico. Isso é fato. Mas a gente só se dá conta por que esse automóvel popular custa tão pouco quando entra em contato mais íntimo com ele. São os pequenos detalhes, aos quais estamos acostumados, que distinguem “condução” de “automóvel de verdade”.

A luz interna do Uno não acende quando se abre a porta. Que merda. Isso significa que quando a gente chega em casa à noite, e a garagem está às escuras, você precisa acender a luzinha do teto do carro manualmente (correndo o risco de esquecer de apagá-la e ficar sem bateria no dia seguinte).

A porta do bagageiro do Uno também não é normal; é tosca. Imagine você chegando do supermercado, cheio de compras no porta-malas – não quer fazer duas viagens para dentro de casa, é óbvio. Então, você se enche de compras nas duas mãos e fica com dificuldades de fechar a porta. Levanta o braço direito cheio de sacolas e tenta empurrá-la para baixo. Só que o Uno é uma merda e o porta-malas só fecha se a mão acompanhar o trajeto inteiro da porta, até bater.  Se largarmos antes, não dá. E não adianta pressioná-la depois de encostada. Ela não fecha. Mas por quê? Nenhum carro é assim. E você não quer soltar as sacolas no chão, pois vai ter que pegá-las, uma a uma, novamente. Ah! Que droga. A conjunção “mãos carregadas” e “fechar bagageiro” não são compatíveis no Uno.

O Uno não tem ar-condicionado. Não me venha dizer que o seu Uno tem ar-condicionado (“porra, se tinha grana pro ar, por que comprou um Uno?”). Você precisa abrir a janela. Os vidros laterais do Uno não abrem apenas em cima, elem abrem na frente também.  Isso significa que mesmo com apenas alguns milímetros de abertura, o vento vem direto na sua cara. Muitos carros são assim também, mas eles têm climatização. Você só abre os vidros se estiver naqueles dias em que quer sentir “a liberdade no rosto”. Assim, com o Uno, todo dia é uma grande aventura. Você se sente livre diariamente, além de despenteado e com cheiro a cano de descarga.

Ah, o Uno só vem com protetor de cárter se você solicitar, como opcional. É mole?

Por isso, fique atento: se for comprar um Uno e alguém lhe perguntar se deseja “ar”, “direção”, “rodas” e “vidros”, pode ser que não esteja simplesmente se valendo do péssimo hábito de abreviar “ar-condicionado”, “direção hidráulica”, “rodas de liga leve” e “vidros elétricos”. Ele pode estar sendo lingüisticamente perfeito. Ah, pois é. Que merda.

Adoro Croissant

Vou quase nunca ao McDonald’s, mas ao McCafé faço questão, sempre que vejo um pela frente. O brownie é sensacional e sempre experimento um café diferente. Adoro os com sorvete. Semana passada fui de novo. O que mais me incomoda nos macs da vida é que sempre tem alguém em treinamento e, portanto, atendendo (ainda) mal. Não foi diferente. Peguei uma novata no caixa:

— Boa tarde. Um Moca Mix e um cookie de chocolate, por favor.
— Um minuto — Ela vira pro lado, fala com alguém e se distrai. Me questiona o que eu quero, de novo.
— Desculpe, o que seria mesmo?
— Um Moca Mix e um cookie de chocolate.
— Uma Coca?
— Não. Um MOCA Mix e um COOKIE de chocolate.

Ela pede ajuda para alguém porque não sabe marcar o Moca Mix no teclado. São aqueles caixas que tem um botão para cada item, imagino. Ou pior, que para formar um Moca Mix tu tem que apertar o botão da Coca com o do M&Ms. Vai saber…

— Só o Moca Mix?
— Não. Um Moca Mix e um COOKIE DE CHOCOLATE!
— Ah, tá.

Vou para a mesa esperar. Adivinha o que eu recebo? Um Moca Mix e um… croissant. Aliás, bom também o croissant. :)

Artesa

Sou só eu ou alguém também já ficou instigado com essas feirinhas de artesanato espalhadas pelo Brasil?

Magrinhosamente chamado de “artesa” na capital gaúcha, trazem em si o apelo de ícone da cultura de cada local. Nenhum turista deixa de visitar uma feira dessas em suas viagens. Procura-se levar para casa uma pulseira, um colar, uma renda ou um artigo de decoração representativo dos hábitos e costumes tradicionais do povo em questão. Acontece que, não importa onde se esteja — Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Brasília, Recife, Palmas, Porto Alegre (só para citar capitais) —, o que é vendido, no grosso, são as mesmíssimas coisas: os mesmos brincos de capim dourado ou de pena, as mesmas bonequinhas coloridas , os mesmos vestidos rendados. O valor do souvenir varia de acordo com o fluxo de visitantes estrangeiros no local ou com o aluguel/condomínio, no caso de “franquias” em shoppings centers e aeroportos.

Mas afinal de contas: essas peças são representativas de onde se está, se encontramos as mesmas em todos os lugares? Quem as produz de fato? Pergunte a um dos feirantes se ele conhece o artesão daquelas bijuterias; a bordadeira daqueles panos; o escultor daqueles paus e ferros. É claro que não. Aposto que todos compram de alguns poucos distribuidores, senão de um só. Pra mim, é tudo feito em escala industrial. Deve ter uma máquina especialmente desenvolvida para fazer aqueles desenhos de areia colorida das garrafinhas, se é que não é uma massa compacta com a paisagem pintada simulando a técnica original.

Pra mim, vem tudo da China, com qualidade américa-do-sul.

Balas 7 Belo

Depois que pararam de embrulhar as balas 7 Belo com papel, por debaixo da embalagem principal, nunca mais o sabor foi o mesmo. O gostinho estava justamente naquele invólucro que, por mais que tentássemos tirar, nunca saia todo. Eu desistia. Dizia assim: “Mãe, não consigo tirar tudo!”. Ela respondia: “Não tem problema, meu filho. Um pouquinho de papel não vai te fazer mal”. E lá estava eu, no cinema, enchendo a barriga de 7 Belo com papel. Quando me aplicava para retirar todo ele, a unha ficava cheia de bala. Era impossível comer só a massa rosa. Mas tinha um gostinho especial; um gostinho de infância. Hoje, o produto vem embrulhado com um plástico ou algo semelhante, o que fez com que perdesse totalmente o charme e o sabor. As vendas devem ter despencado — óbvio que despencaram! — e as crianças de hoje em dia vão ficar sem saber o que é uma verdadeira bala 7 Belo. Ah, bons tempos que não voltam mais.

RBS TV na Sky

Resolvi postar sobre isso porque vasculhei a Internet e não encontrei nenhuma informação sobre este problema.

Sou assinante da Sky e tenho um aparelho Sky+, aquele que grava em HD. Já falei sobre isso neste blog. Para quem mora em Pelotas, não há como sintonizar a Globo. Então, mudei meu endereço de instalação para o Rio de Janeiro e abriram o sinal da Globo Rio pra mim. O problema é que a programação local deles não me interessa, como os telejornais que falam sobre uma realidade que não é a minha. Fiquei cerca de dois anos assim. Há duas semanas atrás, digitei o número 13 no meu controle e descobri que a Sky estava transmitindo também a RBS TV Porto Alegre, pois aparece o nome do canal, mesmo sem imagem. Imediatemente liguei para a Sky e pedi a troca do endereço de instalação para Porto Alegre. Abriu o sinal, uma maravilha. Posso ver até o Jornal do Almoço. Porém, o canal 13 não aparece na grade de programação. Ou seja, só posso assistí-lo digitando “13” no controle. Isso não é o maior problema. O maior problema é que não posso agendar uma gravação de um programa futuro, pois isso é feito justamente no guia de programação, dando um “rec” no programa específico. Há pouco tempo também, a Sky atualizou o software do aparelho, permitindo que sejam feitas duas gravações simultâneas e, o melhor, gravações por horário. Isso era algo que eu queria muito, pois às vezes o programa atrasava seu fim e a gravação acabava antes dele. Com a gravação por horário também é possível programar para gravar numa hora fixa em uma freqüência de um dia por semana, de segunda a sexta ou todos os sete dias. O problema é que como o canal 13 (RBS TV) não consta na grade, também não pode ser escolhido nem na gravação por horários. Ou seja, só é possível gravar o programa que está passando na hora ou o seguinte, acessando pela barra inferior durante sua exibição.

Tá bem, não preciso muito gravar a RBS. Eu só gravava o Altas Horas e algum evento aleatório como shows esporádicos e tal, mas fiquei de cara. Liguei para a Sky e, depois de meia hora me transferindo de um ramal para o outro, me disseram que a Globo (talvez tenham querido dizer “RBS”) não permite que a programação regional seja inserida no guia de programação. Não me explicaram o motivo disso, nem mesmo eles sabem, é o que parece. Vou considerar mudar o meu endereço novamente para o Rio, além do que a RBS não transmite em estéreo mas a Globo Rio, sim.

Se alguém, que procurou pelo assunto e encontrou este post, souber de algo, por favor, me avise.

Clientes pacientes

Consultórios médicos sempre me intrigaram.

Já repararam como alguns “doutores” se sentem super-heróis ou pop stars inacessíveis? Falo especificamente do momento em que eles cruzam atrasados, pela sala de espera, para o primeiro atendimento. A maioria nunca cumprimenta. Passa reto. Quando o “próximo” entra em seu consultório, finge que está vendo a pessoa pela primeira vez (provavelmente, até está, mesmo) e é todo simpatia. Faz parte da magia.

E a pontualidade? Médico sempre atrasa. A gente marca hora mas nunca é atendido quando combinado. É incrível que as secretárias — que, no geral, ficam anos com o mesmo médico — não tenham a mínima idéia da média do tempo que ele leva em consulta normal ou revisão, nem do quanto seu chefe costuma atrasar sua chegada diariamente. Se tivessem, usariam a agenda de forma mais inteligente. Se você tem hora no final do período, pode estar certo que esperará muito para ser atendido. Mas muito mesmo. É aconselhável ligar antes ir para não perder tempo. Assim como ser um azulzinho, às vezes tenho vontade também de ser secretária de médico. :)

E os propagandistas de laboratórios farmacêuticos? Por que não é exigido que marquem hora? Passam na frente de todo mundo. E nem doentes estão. Claro que isso não acontece nos consultórios psiquiátricos, onde você é um pouco mais cliente do que paciente, pois cobra-se por hora e, aí, time is money. Lá os propagandistas não são atendidos fora de hora.

Há algumas semanas, fui consultar com um conhecido dermatologista. Meu horário era às 14:20. Já havia marcado no começo do dia para evitar contratempos. Cheguei às 14:19, como um perfeito e legítimo chato virginiano. Adivinha? “O doutor está atrasado. Tem 4 na sua frente.” “Mas como?”, indaguei. “A que horas ele começou a atender de tarde?” “A uma e meia.” “E ainda tem quatro na minha frente?” “Pois é. Sabe como é… O pessoal dos laboratórios tem preferência.” Meu sangue ferveu. “Ah, é? Tem preferência? Deve ser porque eles trazem brindes, né?”, ironizei. “Antes fosse… Hoje em dia é uma dificuldade arrancar uma canetinha que seja deles”, disse simplória a secretária. Tive que rir.

Detritos Cósmicos

Estou com medo de ouvir Frank Zappa. Conheço sua voz, mas não sei cantarolar nenhuma de suas melodias. É uma falta. Grave. Gravíssima. Das piores. Dezenas de pontos na carteira – de músico (que não tenho).

Comecei a ler o livro, organizado por Fabio Massari, em sua homenagem. Não tenho nenhuma música. Fico imaginando. Cada colaborador da publicação tenta me convencer que Frank é um gênio. Eles descrevem suas obras. Quero baixar todos os seus trocentos discos. Mas não tenho coragem. Estou com medo de começar pelo álbum errado. Será que existe algum “álbum errado”? E se eu não entender o contexto? E se eu não estiver preparado? Cadê o manual? Pensei em fazer um acordo comigo mesmo: não escuto nada, acabo o incrível livro – páginas totalmente parciais – e finjo, com toda a minha força, que sou fã do Mestre desde pequeno. Alguns o classificam como um Deus. Se assim o for, meu raciocínio faz sentido: não é preciso ver (no caso, ouvir) para crer. Mas sempre fui ateu. Tá bom, talvez semi-ateu. Fico confuso.

A capa do livro me convida. Ele está olhando pra mim. É um chamado. Estou com medo de Frank Zappa. Alguém me ajuda?

Problema de organização virgiânica

Seus usuários de iTunes!! Seus macqueiros. Me ajudem, por favor.

Eu me rendi ao iTunes, até por causa do iPod. Me rendi também ao fato dele organizar por si só as músicas em pastas, de acordo com o preenchimentos dos tags de cada mp3. Me rendi também à pasta ridícula “Minhas Músicas” do Windows. Ou seja, basta eu organizar os tags e o iTunes cria pastas e coloca os mp3 nos lugares certos. Agora, alguém tem a solução para quando uma música é interpretada por mais de um artista, mesmo que esteja presente no álbum de um só? Nunca enfrentaram este problema? Por exemplo, a música “Candy”: eu gostaria de cadastrá-la com os artistas “Iggy Pop & Kate Pierson”, para quando eu buscar, no iTunes, por um ou outro nome, ela aparecer. Só que aí, o iTunes cria uma pasta Iggy Pop & Katie Person e priva a música “Candy” do convívio com as demais do mesmo disco do artista “Iggy Pop”. Pesquisei na Internet e só achei gente perguntando, perguntando, mas ninguém dando solução. Tem indiano de cara com a Apple, pois parece que a maioria das músicas na Índia é interpretada por mais de um artista e o país representa uma boa fatia do mercado de iPods. Abaixo, o depoimento que me inspirou a questionar isso aqui.

“Another thing is that when a track has more than one artist, how the hell do you tag it? WMP9 accepted artist names spaced by ;. So you’d go ‘Seal; BB King’ for instance. That way it would place the track under both artists in the database. iTunes doesn’t do this, and I haven’t been able to figure out if it even deals with this issue. Any Mac people have a solution for this?”
http://binarybonsai.com/archives/2003/10/19/organizing-electronic-media-today/

O Faustão Engordou?

Fico abismado como o mercado foi inundado pelas TVs de plasma. Os preços caem virtiginosamente e muita gente está se atirando. Todo mundo quer ter sua tela “fininha”. O que essas pessoas não sabem é que, mesmo sendo anunciado que os modelos são preparados para a TV digital (esses que vemos em ofertas atrativas a toda hora), na verdade, eles apenas têm o decodificador capaz de receber o sinal digital sem necessidade de um conversor (que será necessário para quem não fizer a troca de sua TV). A resolução oferecida por essas plasmas dos folhetos de ofertas é apenas a mesma de um disco de DVD. A TV digital e os futuros aparelhos Blue-ray e HD-DVD têm resoluções muito superiores a desses “equipamentos-xodó”. Existem, sim, as com maiores resoluções (full HD), só que custam mais do que o dobro do preço.

Mas as pessoas não querem nem saber. Assim como na época da TV em preto e branco, quando se colocava um acetato colorido na tela para simular uma transmissão em cores, os consumidores-banana achatam a imagem da transmissão atual para ajustar o 4×3 ao 16×9 do aparelho. O Faustão nunca esteve tão gordo. Essas TVs apresentam algumas formas de ajustar a imagem no nova tela: pode-se cortar as partes superior e inferior para que as laterais preencham toda extensão; pode-se deixar barras pretas em ambos os lados, de forma a não se perder nada; mas o Zé-plasma prefere tela cheia e achatada. Afinal, pagou caro pelas polegadas a mais e é preciso diluir o custo fixo. :)

Um Grande Magazine da Cidade

Cliente habitual de grande e tradicional magazine pelotense, como faz periodicamente em alguns sábados, vai até a loja da Domingos de Almeida abastecer seu guarda-roupas. Na hora do pagamento, pergunta como ele pode ser feito. A caixa responde que é possível fazer à vista, com 10% de desconto, ou em 5 vezes, pelo cartão, pelo preço de etiqueta. Intrigado pela falta de opções intermediárias de número de parcelas, questiona se não dá para fazer em 3 vezes. A funcionária, educadamente, diz que até dá, mas que o preço será o mesmo da etiqueta. O cliente estranha não ter um desconto progressivo para a situação, mas resolve pagar à vista e aproveitar os 10% a menos. Após pagar, avista o dono do estabelecimento, que costuma dar plantões trabalhando no caixa. “Que legal, é uma boa forma de estar em contato direto com seus clientes. É um homem de visão!” Santa ingenuidade. Resolve tirar a pulga de trás da orelha sobre as opções de pagamento e as vantagens, afinal, a opção oferecida de pagar em 5 vezes deve ser a única que conseguiram negociar com a operadora de cartão de crédito. Ele cumprimenta o senhor, faz educadamente a pergunta, medindo as palavras para não ser mal entendido, mas recebe uma antipática, sisuda, arrogante, grossa e burra resposta: “cliente assim não me interessa”.

Se fosse comigo eu enfiava os R$500 em compras no orifício posterior do cidadão e exigia a devolução do meu dinheiro. Eu mesmo já vi este senhor, na hora de fechar a loja, barrando clientes que chegavam à porta no exato momento de encerrar as atividades, sem ao menos um “está na hora, mas entra rapindinho, vai”. Ele prefere um “tá fechado!” Ê, lojinha caipira, sô. Como é que consegue se criar? O pelotense merece e gosta.