O Som do Silêncio

Eu achava o máximo o seriado Armação Ilimitada — programa que passava na Globo nos anos 80, dirigido por Guel Arraes. Juba, Lula, Bacana, Zelda Scotch… A linguagem dinâmica, cortes rápidos, supria a ânsia adolescente por rebeldia. Se o jovem de hoje assistir, ficará entediado com o ritmo lento para os dias atuais. Na época, meus pais achavam uma insanidade a câmera e os cortes “rápidos”.

Pois bem, eu fiquei velho, virei pai e, neste último ano, tem me feito mal a velocidade das narrativas contemporâneas. Sejam filmes, seriados, vídeos no Youtube, entrevistas. Tudo é curto, podado, sem desenvolvimento. E não é só linguagem de edição. É profundidade mesmo. Ninguém quer mais respirar, refletir, aprofundar, ouvir os silêncios.

No cinema

Compare o filme Superman de 1978 com um Avengers da vida. No primeiro, temos meia dúzia de personagens desenvolvidos em uma história de 2h20min. Dá pra nos aprofundarmos em suas personalidades, aflições, angústias, propósitos, peculiaridades. Os melhores Superman (e Clark Kent), Louis Lane, Lex Luthor de todos os tempos. Não tem pra ninguém. Um baita filme até hoje. Agora pense no último Avengers: 50 personagens disputando cada frame dos 180 minutos, em uma edição frenética que te deixa tonto, com um roteiro construído em uma planilha de Excel, para conseguirem engatar um filme com o outro e licenciar tudo que for possível para o mercado. Eu gosto da Marvel e acho que fizeram um trabalho excelente, sem precedentes. Mas fico cada dia mais desestimulado a consumir propostas assim.

Acredito que as séries estão se tornando populares por isso. A gente quer entrar dentro de cada personagem e sentir o que eles sentem. Queremos nos identificar com dilemas, dores e entusiasmos.

Talk Shows

Agora vamos aos talk shows. Tanto os americanos, como os nacionais, todos são supereditados, os assuntos são cortados para caberem no formato comercial da TV. Tem programa com entrevistas de 10 minutos. Como assim?!

Mas, quem diria, que a Internet e sua propensão ao descartável, ao consumo rápido, veio para suprir essa deficiência dos bate-papos? Nos foram trazidos os podcasts que, no começo, também eram curtos (não havia nem banda suficiente nem dispositivos confortáveis para se consumir algo mais longo). Agora, o formato estendeu e é difícil encontrá-lo em episódios de menos de 60 minutos. A grande sensação do momento são os podcasts que também vão pro Youtube, em vídeo, e chegam a ter quatro horas de duração. Sim! Parece inadmissível você parar por quatro horas (o bom é que não precisam ser ininterruptas) para consumir um conteúdo de bate-papo. Alguns canais “piratas” ainda criam os cortes, que são fragmentos mais curtos com um título clickbait, e que acabam auxiliando a divulgar os canais originais. Eles gostam e agradecem.

Flow — O Fenômeno Improvável

O maior expoente do momento é o Flow. Igor e Monark são dois não-jornalistas, despretensiosos, com pouco ou nenhum conhecimento sobre os entrevistados (e até sobre a maioria dos assuntos que apresentam), que sacaram que havia gente, como eu, ávida por uma conversa informal, com tempos de respiro, sem pesquisas prévia, com bolas-fora, com vergonhas-alheias, com erros e acertos, entre pessoas que, às vezes, nunca ouviram nem falar umas nas outras. A curiosidade dos dois sobre o convidado dá o tom e a espontaneidade suficientes para tornar o assunto bacana, como se fosse você conversando. E dentro dessa premissa, os caras estão construindo uma grande indústria de conteúdo, com diversos programas (muitos entram ao vivo) em um complexo de estúdios em São Paulo, capitalizando views no Youtube.

Na cola, além dos próprios programas do conglomerado Flow, tem o Inteligência Limitada, do Rogério Vilela, e o Mais Que 8 Minutos, do Rafinha Bastos, entre outros. Eles parecem que estão formando um circuito que os assessorem de imprensa e RPs descobriram ser um caminho oportuno para divulgar seus clientes. Frequentemente acontece de um convidado, na mesma semana, frequentar esses três que citei. Mandetta, Ciro Gomes, Gabriela Prioli, Eduardo Bueno, Luciano Hang, Guilherme Boulos, Luciana Gimenez, Fernando Haddad, Eduardo Bolsonaro, Kim Kataguiri, Rogério Skylab, Danilo Gentili…  São alguns dos nomes que já foram nos 450 episódios do Flow. Às vezes, os caras chegam a fazer dois por dia.

Estou cansado de conteúdos que não se aprofundam, que não dão tempo de respiro, que não te fazem conhecer de fato o convidado (ou os personagens), que te cospem na cara algo que não te satisfaz. Já bastam os áudios em 1,5 ou 2x do WhatsApp aos somos obrigados a dar play na correria do dia a dia.

Quando chegar em casa, quero paz, espaço para pensar e uma boa conversa para assistir, quando faltarem os amigos.

Por que os brasileiros são bons no skate?

A skatista Rayssa Leal — a Fadinha —, de 13 anos, é a medalhista olímpica mais jovem do Brasil. E isso diz muito, não só por ser uma conquista relevante para o país mas sobre a importância do apoio ao esporte em uma nação.

O skate sempre foi uma modalidade marginal. Há algum tempo, poderia ser até questionável para alguns chamá-lo de esporte. Mas não há dúvidas que, dentre os mais populares, um pouco depois do futebol — que, de forma genérica, só precisa de uma bola — ele é um esporte até bastante democrático. Você não precisa necessariamente de uma pista, o capacete é opcional, a joelheira também. Mais acessível que uma bicicleta, que é meio de transporte de tanta gente, a prancha com rodinhas chama atenção das crianças de todas as classes sociais. E repetindo: um pouco depois do futebol.

Para um país ser destaque em um esporte, a primeira coisa que precisa é que tenha uma grande população: quanto mais, maiores as chances de alguém praticar e alcançar sucesso. A segunda necessidade é que ele seja disseminado: quanto mais pessoas praticarem, o resultado do funil de talentos será mais rico. Não somos referência no futebol mundial por causa de um dom que se adquire quando alguém (descendente de qualquer uma das dezenas de etnias que nos formam) nasce dentro dos limites geográficos do nosso território. Somos bons nisso porque nossas crianças chutam bolas desde que nasceram e porque nossa população é de 211 milhões de brasileiros. Em outro patamar, uma relação parecida também está presente no skate e no surf.

Agora, vamos inverter o raciocínio. Todo mundo já ouviu falar em Torben e Lars Grael. Esses irmãos, juntos ou separados, ganharam seis medalhas olímpicas para o Brasil de 1988 a 2000. Filhos de uma família iatista, com posses, e bons mesmo na modalidade, tiveram sucesso em competições. E, agora, a filha de Torben está em Tóquio disputando um lugar no pódio e é favorita. E se a prática fosse mais disseminada no país? E se mais pessoas (ou famílias) tivessem condições de bancar um esporte caro como este? E se houvesse mais apoio a esportes de qualquer tipo no país? Quantas medalhas teríamos nas olimpíadas? Basta olhar para as nações que levam o esporte a sério.

Um país que apoia o esporte, além de criar exemplos de saúde, bem-estar, superação e recompensa para seus cidadãos, ganha visibilidade no mundo. Você já ouviu falar no Pelé, né? A simples menção de seu nome continua abrindo portas no exterior para qualquer brasileiro.

Além disso, apoiar o esporte não é assistencialismo nem a mão do estado cuidando do que não deveria. Apoiar o esporte significa tornar diversas modalidades mais populares, incentivar tanto sua prática quanto sua audiência. Isso ajuda a criar campeonatos os quais a iniciativa privada terá interesse de patrocinar, bem como atletas e equipes. Olhem onde o futebol chegou. Talvez tenha ido até longe demais. Nem precisava tanto.

Mas a linha de raciocínio não para nas práticas esportivas. E se todas as pessoas tivessem mais oportunidades, por exemplo, na educação, ampliando para o campo profissional, nas artes, na ciência? O que seria este país no mundo? Sua relevância nos meios produtivos, tecnológicos, científicos e, inclusive, de “imagem de marca”?

O capitalismo é uma bicicleta em curso. No início, precisa de uma rodinha para aprender a se equilibrar, depois pedala por conta própria, talvez com algumas paradas para encher os pneus.

Previsões para a pandemia de Covid-19

ACIONEI MINHA BOLA DE CRISTAL, CONECTEI COM MEU CHUTÔMETRO E COM MEU PHD EM PALPITE E PREVI O FUTURO DA PANDEMIA

black woman in epidemic riding in bus

Alguns artigos de gente mais especialista do que eu (ou seja, simplesmente “especialista”) dizem que a pandemia de Coronavírus vai durar até 2023. Outros dizem que vai levar sete anos e por aí vai. Por essas divergências, me pergunto: o quanto mais especializada do que eu essa gente é?

O Ministério da Saúde está — eu ia dizer “organizado”, mas creio que esta não é a palavra correta… O Ministério da saúde está — eu ia dizer “planejado”, mas acho que não é bem isso… O Ministério da Saúde está trabalhando no tocante a essa “cuestão” e disse “isso daí”: que em 12 meses estarão vacinadas 60 milhões de pessoas. Resumidamente, essa parcela inclui profissionais da saúde, homens e mulheres acima de 60 anos e outros grupos de risco. Claro que vai depender do abastecimento do imunizante pela indústria, mas, por outro lado, estados também estão trabalhando com outras opções para acelerarem o processo.

Esse número de 60 milhões está longe de representar imunidade de rebanho. Especialistas — ó, os caras de novo — dizem que vacinando 70% da população se chega lá. Só que isso levará tempo.

Pois acho que a gente vai se livrar de boa parte do clima de pandemia, e das restrições a que precisamos praticar, bem antes do previsto. Na medida em que os mais propícios a desenvolverem a forma grave da COVID-19 forem sendo imunizados, as UTIs vão começar a esvaziar. Hoje, em Pelotas, temos 19 desses leitos ocupados. Já tivemos 45. Aos poucos, só estarão sendo internados aqueles abaixo dos 60 e fora dos grupos de risco detectados. O que vai significar números parecidos com os dos agravamentos provocados, por exemplo, pelas várias formas de influenza. Você sabe quantas pessoas são internadas por este motivo na sua cidade? Você alguma vez usou máscara ou deixou de ir em uma festa com medo de pegar H1N1 e desenvolver uma pneumonia?

Quando isso acontecer, vamos continuar usando máscaras? Talvez. Vão permanecer medindo nossa temperatura na entrada dos estabelecimentos? Seria prudente. Vamos manter o hábito de lavar as mãos e usar álcool em gel? Menos, mas acho que sim. O home office vai perdurar? Em empresas em que isso pode acontecer, talvez de alguma forma híbrida, mas realmente essa é uma tendência que se consolidará. Alguns dos novos hábitos virarão questão de etiqueta (pequena ética) social. Será como limpar os sapatos no tapete antes de entrar, usar talheres para comer etc.

Mas o que vai acontecer de bom mesmo é que vamos voltar ao grosso de nossa rotina habitual. Os decretos vão afrouxar, os eventos presenciais vão adotar algumas medidas pró-forma mas vão voltar… Gente gosta de gente, por mais que às vezes não pareça, e a naturalidade poderá retornar em poucos meses. Não vou dar data, pois não renovei minha carteirinha de PhD em imunologia, não tenho controle de todas as variáveis e as coisas também são graduais, mas certamente, a partir do meio do ano, estaremos bem adiantando nesse processo.

Claro que isso tudo também vai depender das cepas variantes. Não sabemos muito sobre as vacinas. Nem mesmo os fabricantes sabem direito. A “fase quatro” de teste está sendo feita agora, na vida real, para descobrirmos o que vai acontecer sobre imunização e sobre efeitos colaterais a longo prazo, principalmente em tecnologias novas, como a da manipulação de RNA. Mas é o preço que se paga. As vacinas limparam o mundo de diversas doenças e milhares de mortes no último século. Isso não é de se desconsiderar.

O que você mesmo pode fazer para ficar mais tranquilo enquanto a vacina não chega é reforçar seu sistema imunológico. Coisa que já deveria ser preocupação mesmo antes da pandemia. Com ele em dia, você reduz drasticamente a necessidade de uso de qualquer tipo de droga, preventiva ou não. Procure um médico e pergunte sobre isso. Só recomendo desconfiar dos que você achar que podem ter algum conflito de interesse e serem mais fieis aos laboratórios que financiam seus cursos e eventos no exterior do que com a própria saúde de seus pacientes. No geral, não tem indústria santa.

Estou acompanhando o Big Brother

human eye, watching eys, bbb

“Assisto” apenas através dos relatos que minha filha maior traz durante os momentos de conversas em casa. Ela está empolgadíssima; fissurada. Aliás, é desde a edição passada, quando a Globo superou a queda da audiência incluindo digital influencers no grupo de participantes. Foi genial! Tanto que o Silvio Santos já tinha feito algo idêntico há 20 anos na Casa dos Artistas. Fazer algo que o Silvio já fez há duas décadas é sempre genial. :)

Só que sábado à tarde, quando liguei a TV, estava passando um flash ao vivo do programa. Para ter assunto com a Malu, fiquei alguns minutos assistindo, antes de colocar no final da terceira temporada de Cobra Kai. O “plantão BBB” era para mostrar que havia tocado o “big phone”. Um cara fantasiado e embrulhado em uma caixa, estilo das de fósforo, atendeu. A voz demoníaca do outro lado disse pra ele salvar uma das três pessoas que estavam indicadas ao paredão e, que se ele fosse uma delas, poderia se salvar. Foi só ele que ouviu a mensagem. Imediatamente, ficou meio desnorteado, pensativo, aflito.

Ele chamou as pessoas e compartilhou com todos a mensagem. Ofegante e nervoso, proferiu: “eu vou correr o risco… Vou me salvar do paredão”. Foi então eu soube que ele estava no paredão. Algumas pessoas vieram pra volta dele dizendo: “relaxa, qualquer um faria a mesma coisa”.

Segundo as palavras dele qual “o risco” que correria? Da imagem pública que se formaria sobre ele por ter salvado a si próprio e não outra pessoa? A Malu já tinha me dito que os participantes desta edição estavam com um comportamento bizarro de tão politicamente correto; totalmente fora do aceitável de tanto mimimi. Olhem o nível em que chegamos: o cara, em um jogo no qual entrou para ganhar, para não ir pro paredão, para se salvar, para chegar na final, tem esse tipo de dilema com medo do que vão pensar dele.

Eu não tô acreditando. Chega a ser incorreto de tão politicamente correto 😱

Abra sua câmera na aula

Pensem no professor que abre a sala de aula on-line e vê os alunos entrando: imagens pretas com um círculo no meio e as inicias vão pipocando.

— Quem seria mesmo o AP, o CK, o MN, o JE?

Fazem a chamada e, depois, tirando o CDF que interage (quando há um), ministram a disciplina para o vazio. Não sabem se os alunos apenas deram entrada e desapareceram, não têm feedbacks sobre a compreensão da turma, não recebem um sorriso de canto de boca perante uma brincadeira, nem uma expressão de não compreensão a qual ele poderia ajudar a resolver. É uma aula solitária dada em frente a um abismo de incertezas. É quase como se gravasse um vídeo e reprisasse para todas as turmas. Acho que ninguém espera isso da educação.

Esta semana fui convidado para um bate-papo na disciplina de redação publicitária da Comunicação Social da UCPel. Só eu e a professora em vídeo. Todos os demais eram telas pretas. Pelo menos, alguns escreviam no chat. Outros nem deveriam estar escutando. Suponho que entraram apenas para ganhar presença.

Perguntei para as minhas filhas por que faziam isso. As respostas foram:

— Ah, a gente está feia, de pijama, tomando café.

— Não quero aparecer assim pra toda turma.

Mas aqui em casa mudou. Hoje a Malu abriu a câmera na aula de literatura. Em seguida uma colega também abriu e, logo, todos estavam de câmera ligada e o professor emocionado.

A partir de amanhã, acordarão meia hora antes para tomar seu café, se arrumar e assistirem as aulas sentadas à mesa. É o mínimo de respeito que um professor merece receber.

#AbraCameraNaAula

Séries são melhores que filmes?

Calma! A pergunta não é tão idiota assim.

Costumo acessar o site IMDB (Internet Movie DataBase) não só para ter informações técnicas sobre títulos como para consultar a nota conferida a eles pelos usuários. Claro que não irei deixar de assistir algo que eu queira ver (não importa a avaliação que tenha). Mas como meu tempo de dedicação ao cinema é limitado, uso o critério “acima de 8” para me aprofundar sobre e, talvez, assistir, coisas que não chegaram a mim por outros meios.

“No tocante a essa qüestão daí”, tenho percebido que séries tendem a ser melhor avaliadas do que filmes; têm média maior. Isso me encuca.

SERIA PORQUE ELAS SÃO MESMO MELHORES?

Supostamente, o investimento de produção em uma série precisa ser mais certeiro, por isso não se investe em ideias meia-boca? Creio que não. Séries medianas têm nota maior ou igual a grandes filmes. Exemplo: “Lúcifer” (que é bacaninha) tem média 8,2, a mesma que “Laranja Mecânica”, “Táxi Driver”, “Monty Python em Busca do Cálice Sagrado”, “Up!”, “Cantando na Chuva”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e por aí vai. Filmes que estão próximos da 100ª posição no ranking dos melhores de todos os tempos, segundo os usuários do site!

SERIA PORQUE OS FILMES SÃO MAIS VISTOS E VOTADOS, PORTANTO A TENDÊNCIA É A MÉDIA CAIR?

Não creio. A média da nota da série “Lúcifer” (de 2006) foi composta por 202 mil votos, a mesma quantidade do clássico “Cantando na Chuva” (de 1952). Creio que acima de 1000 opiniões, a média já está bem consolidada.

SERIA PORQUE AS PESSOAS SE AFEIÇOAM MAIS A SÉRIES?

Todo mundo gosta de dizer que está vendo uma série boa. Ter ela pra si. Ser “dono” dela. Se sentir o descobridor de uma nova produção para contar aos amigos. Dedica-se a ela muito tempo assistindo. Uma temporada normal pode variar de 10 a 20 horas de duração. Daria pra ver de 6 a 13 filmes, aproximadamente. Depois de toda essa maratona, seja parcelada ou não, dizer que você não gostou seria um tanto quanto esquisito.

TALVEZ SEJA ISSO!

As pessoas se sentem mais recompensadas ao verem séries. Criam vínculos maiores com os personagens, ainda mais nessa época em que a linguagem geral do cinema é tão veloz. Têm melhores momentos assistindo. Passam melhor o seu tempo. E, depois de acabar, dá uma sensação de incompletude, de querer mais, de sentir falta da rotina criada.

Sei lá. O que vocês acham?

Você está medindo corretamente a velocidade da internet?

Para o pessoal que gosta de medir a velocidade da internet e reclamar do provedor nas redes sociais: você pode estar passando vergonha publicamente à toa! Existem alguns detalhes técnicos que talvez você não saiba sobre o assunto. E como ninguém é obrigado a conhecer, aqui vão umas dicas.

WI-FI NÃO SERVE PARA MEDIR A VELOCIDADE DE INTERNET.

Wi-fi depende de muitos fatores para funcionar 100%: da qualidade do roteador sem fio; da recepção do dispositivo pelo qual está medindo (celular, por exemplo); das interferências que o sinal pode estar sofrendo por outros equipamentos; da distância entre você e o roteador; da espessura e quantidade de paredes e lajes do ponto A ao B; da quantidade de dispositivos usando a mesma rede ao mesmo tempo (pra ter uma ideia, aqui em casa tem 12 conectados agora).

COMO MEDIR A VELOCIDADE DA INTERNET

Você precisa ter certeza que nenhum dispositivo extra está conectado, além do que medirá; usar um computador conectado com cabo de rede ao roteador; ter certeza que ele não está utilizando a internet para nenhum outro recurso. Pra ter uma ideia, a última medição que fiz assim me deu 120Mbps e meu plano é de 100Mbps.

AINDA, SOBRE A BANDA QUE VOCÊ PRECISA.

A Netflix só usa uns 3Mbps, e o Youtube é por aí tb. Se você tem quatro pessoas vendo vídeo ao mesmo tempo em casa, é capaz que um plano de — pasmem — 10Mbps ser suficiente. Claro que outros dispositivos também consomem banda sem que você nem saiba. Mas esteja ciente que o único uso capaz de precisar, por si só, dos 100Mbps, 200Mbps ou 400Mbps (!!) que você contratou é um download direto de algum servidor “topzera” (e acho que são raríssimos os que podem te entregar isso ao baixar um arquivo) ou em uma aplicação torrente com múltiplas fontes.

Então, fica a dica: não dê chilique antes de verificar esses pontos.

Instagram Pro

Eu fico de cara quando as pessoas falam que o Instagram é a rede da superficialidade. Eu gosto de fotografia, então, a rede é o Instagram. A superficialidade ou não está diretamente ligada às pessoas que tu segues e a tua sensibilidade ao assunto. Se não quer superficialidade, não siga essas pessoas e tua timeline será do jeito que desejas.

Agora, pensando que o Instagram é (ou nasceu prometendo ser) a “rede social de fotografia”, deixa muito a desejar a questão de valorização das imagens. Está na hora de surgir o Instagram Pro. Sim, porque se algum outro app como o que descreverei assim fosse inventado, Mark Zuckerberg o copiaria e o mataria em 60 dias. Com a denominação “Pro”, não intento que seja apenas para profissionais, mas que o app em si seja “pro” (ok, a gente pode pensar em outro nome. Quem sabe “Prata”, pelos sais de prata, hein? Acho que ninguém mais sabe o que é isso).

Com o Instagram Pro (ou Prata) você poderia:

— visualizar uma foto inteira por vez, e apenas ela, sem distrações;
— comentários e curtidas só apareceriam quando evocados;
— ver na horizontal ou vertical, de acordo com a orientação original da imagem;
— saber o modelo e marca da câmera usada em cada foto;
— ter seu perfil automaticamente catalogado com o de outros fotógrafos similares (claro que daria para editar manualmente isso);
— denunciar pessoas que estivessem sendo superficiais, ou deixar de segui-las (este item é só pra implicar).

:p

Liberalismo X Responsabilidade

A ciência evolui constantemente. Aprende com seus erros. Se temos inteligência suficiente pra saber que confiar nela já nos leva a uma constante mudança de ideia, por que acreditar apenas na imprecisão de nosso achismo?

— Na Grécia e Egito antigos, excrementos de animais eram usados em tratamentos médicos.

— As mulheres gregas e romanas usavam chumbo e enxofre pra pintar seus cabelos.

— Os médicos introduziam alho na vagina de suas pacientes para estudar por que algumas engravidavam e outras não.

— Os médicos perfuravam a cabeça das pessoas — trepanação — para libertar espíritos malignos.

— Bolas de vidro e borracha moída eram utilizadas como implante mamário. Bom, temos alternativas parecidas atualmente.

Na primeira metade do século XX, Karl Popper ajudou a definir a diferença de ciência e pseudociência. Hoje, absurdos costumam não mais ocorrer (tanto), pois as pessoas aprendem umas com as outras e com a ciência. Ou não?

Fora das questões científicas, mas dentro dos costumes culturais, temos outros fatos que hoje são totalmente reprováveis:

— pessoas eram contratadas para chorar em funerais na Roma antiga, como forma de impressionar a multidão;
— no Império Romano, os pais podiam vender seus filhos à escravidão. Mas somente três vezes, claro — elas voltavam quando não eram mais úteis.

O mesmo acontece com o que alguns chamam de democracia. Hábitos antigos, como levar as crianças para assistir uma execução em praça pública eram triviais, bem como pedir a morte de alguém eram bastante democrático.

Alguns outros nem tão antigos:

— andar de moto sem capacete;
— não usar cinto de segurança.

Comportamentos que parecem fazer mal só a quem os pratica, na verdade custam ao sistema público de saúde que eu e você sustentamos.

Propagar que não se deve usar capacete ou cinto de segurança seria um ato democrático quando impacta na vida de outras pessoas e na carga tributária do cidadão?

Onde acaba o liberalismo e começa a responsabilidade?

Veja se o Corona está parado neste andar

Não. Não irei falar aqui do perigo dos elevadores como local de transmissão do COVID-19. Você já vai entender onde quero chegar.

Quase 81 mil pessoas foram diagnosticadas com o vírus na China, um país de 1,4 bilhões de habitantes. Isso é menos que 0,00006% da população. Dizem que os diagnósticos representam apenas 15% dos casos. Ou seja, 540 mil infectados que 85% deles nem sintomas devem ter tido. Isso representa menos de 0,0004% do país oriental. É claro que os comedores de lámem parecem ter sido exemplarmente eficientes na contenção da epidemia, pelo que vimos nas notícias.

Antes de chegar ao elevador, quero fazer aqui uma pausa no raciocínio para propor um ponto secundário de reflexão.

Gostaria que um infectologista respondesse para eu aprender algo. Por que se considera controlada a epidemia por lá se ainda restam 1,39946 bilhões de pessoas passíveis de infecção? Não basta uma — e há pessoas ainda doentes — para começar tudo de novo? Ou as indústrias chinesas todas estão se voltando para a produção de álcool gel e WD-40 e vão barrar a praga de vez? Kkkk. É uma pergunta séria, apesar da brincadeira.

Mas vamos voltar ao viés original e descobrir onde o elevador entra na história.

Eu havia falado em 0,0004% da população atingida. Mas, além desse percentual reapresentar gente de carne e osso e esse número ser suficiente pra sobrecarregar o sistema de saúde, será que devemos realmente tratar o ser humano como uma percentagem? Uma vida é uma vida, e não importa a quantos zeros após da vírgula ela se encontra. Não é mesmo?

E é aí que traço o paralelo proposto no início.

Sabe a plaquinha aquela que muita gente pergunta por que existe fora da porta do elevador? Por que ser lei afixar a mensagem “verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar. Lei número tal.”? Lembra? Pois então, quantas pessoas morrem caindo no poço porque a porta abre sem o elevador estar ali? Quantas leem e se livram da queda? Bom, aí vai a resposta que eu sempre dei a mim mesmo: se for para salvar uma vida, uma única que seja, terá valido a pena termos milhões de plaquinhas como essas espalhadas em todos os andares de todos os prédios pelo mundo.

E ainda, de quebra, estamos ativando a produção da indústria de sinalização, gerando empregos e fazendo girar a economia para fabricá-las.