Arte ou Mesmice?

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Com frequência, reclamo. Vejo outras pessoas reclamando também quando artistas cultuados, dos quais são fãs, lançam um trabalho medíocre — “não consegue mais ser como era antes”; “os primeiros discos é que eram bons!” Tenho certeza que isso atormenta também o mercado fonográfico, pois os lançamentos nem sempre correspondem às expectavas dos fãs. As bandas ficam tentando ser parecidas com o que foram, mas sem ser iguais; inovadoras, mas sem sair do lugar. Tudo para não fugir à marca que criaram e ao público que cativaram. Mas é aí que começam os problemas.

Quem, senão a arte, tem o papel de justamente quebrar as expectativas? No momento em que a expectativa tem forma, cor, timbre, postura e discurso pré-estabelecidos, a arte deixa de existir e assume o marketing tão somente. E o marketing burro, restrito, sem alcance. Pois se fosse inteligente apostaria em sua reinvenção.

O baterista do Motörhead falou sobre a dificuldade de compor atualmente: “Nós temos um enquadramento bem estreito para trabalhar e compor novas canções que soem como as antigas, mas que sejam novas. Isso é muito, muito difícil. Fica como se você já tivesse ouvido aquilo antes e você, provavelmente, já ouviu. Sabe quando você adiciona cor em uma imagem em preto e branco e ela ainda permanece preto e branca? É muito difícil”.

A demanda criada precisa ser preenchida exatamente como exige? Claro que não. Um artista pode evoluir, ter novas vontades, desafios, necessidades de expressão. Os discos que mais cultuo são aqueles que quebraram fórmulas anteriores. A mesmice cansa. Se é para ficar na mesma, prefiro o original. Aliás, “fórmula” é um conceito que me desagrada profundamente.

Mas é necessário talento para se reinventar. Minha banda preferida tem uns 10 discos, gosto só de quatro. É a vida. A ideia é: conheça coisas novas e pare de cobrar que os artistas de sempre estejam à disposição para saciar seus desejos doentios por mesmice.

A propósito: o que você achou do novo disco do Pink Floyd?

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