Garçon…

Por favor, uma água. Sem gás. Sem gelo. Sem limão. Sem açúcar. Sem ser diet. Sem sal. Sem pimenta. Sem alface. Sem cebola. Sem bacon. Sem ovo. Sem maionese. Sem borda recheada. Sem azeitona. Sem camisinha. Sem pintura metálica. Sem vaga na garagem. Sem abas. Sem cara de nojo. Sem reclamação. Sem má vontade. Sem glúten. Sem demora. Sem erros. Só uma porra duma água! Sem cuspe. Só água!

Agora

No primeiro trabalho solo de Arnaldo Antunes, ele conta a vida ao contrário. Da morte ao nascimento.

AGORA QUE AGORA É NUNCA
AGORA POSSO RECUAR
AGORA SINTO MINHA TUMBA
AGORA O PEITO A REBUMBAR

AGORA A ÚLTIMA RESPOSTA
AGORA QUARTOS DE HOSPITAIS
AGORA ABREM UMA PORTA
AGORA NÃO SE CHORA MAIS

AGORA A CHUVA EVAPORA
AGORA AINDA NÃO CHOVEU
AGORA TENHO MAIS MEMÓRIA
AGORA TENHO O QUE FOI MEU

AGORA PASSA A PAISAGEM
AGORA NÃO ME DESPEDI
AGORA COMPRO UMA PASSAGEM
AGORA AINDA ESTOU DAQUI

AGORA SINTO MUITA SEDE
AGORA JÁ É MADRUGADA
AGORA DIANTE DA PAREDE
AGORA FALTA UMA PALAVRA

AGORA O VENTO NO CABELO
AGORA TODA MINHA ROUPA
AGORA VOLTA PRO NOVELO
AGORA A LÍNGUA EM MINHA BOCA

AGORA MEU AVÔ JÁ VIVE
AGORA MEU FILHO NASCEU
AGORA O FILHO QUE NÃO TIVE
AGORA A CRIANÇA SOU EU

AGORA SINTO UM GOSTO DOCE
AGORA VEJO A COR AZUL
AGORA A MÃO DE QUEM ME TROUXE
AGORA É SÓ MEU CORPO NU

AGORA EU NASÇO LÁ DE FORA
AGORA MINHA MÃE É O AR
AGORA EU VIVO NA BARRIGA
AGORA EU BRIGO PRA VOLTAR

AGORA

A Dama da Água (Lady in The Water)

Ponto alto do filme

Lá vem o Cuca de novo falar do Shyamalan. Sim, finalmente, eu vi A Dama da Água. Depois do filme ser açoitado pela crítica e esnobado pelos espectadores, minha expectativa com relação a ele deveria estar baixa. Mas como eu estou acostumado a esse tipo de opiniões, desprovidas de crédito algum, com relação aos filmes de Shyamalan, fui esperando ser surpreendido por algo bom, no mínimo. Também estou me doutrinando a não levar preconceitos para a sala de cinema e nem para a minha própria, o que, sem dúvida, se eu obter sucesso na empreitada, me fará uma pessoa melhor.

Por que as pessoas não gostaram, a priori?

Trata-se de uma fábula, só que transcorrida em um ambiente contemporâneo, em meio a pessoas comuns. Quem é fã do Senhor dos Anéis, certamente deve ter torcido o nariz para a história. Não tem o cenário, o figurino, os efeitos visuais, os copy+paste e nem, muito menos, a pretensão da trilogia e seus clones. Se assim fosse, todos amariam. O público convencional, realmente não está acostumado a engolir produções que não vêm, de fábrica, mastigadas, salivadas e cheias de catchup. Os personagens do filme, não questionam as sobrenaturalidades que vão acontecendo. Todos acreditam piamente na história que o protagonista Cleveland (o excelente Paul Giamatti), está embarcando. E isso, talvez seja outro motivo para o desagrado do espectador. Afinal, ninguém tem orelha pontuda, nem é anão ou morto-vivo – são pessoas como eu e você – e, segundo a realidade e o convencionalismo adotado por Hollywood, pessoas normais não acreditam facilmente nas outras e no fantástico. Mas Night Shyamalan sabia disso e, para levar às telas o conto-de-fadas que criou para seus filhos, colocou um personagem para dar um tapa-com-luvas-de-pelica em seus mais fervorosos críticos. Mr. Farber (Bob Balaban) interpreta um desse tipo. A cena em que sucumbe, devido a sua própria incredulidade diante de uma história fora dos padrões, é o ponto alto do filme.

No mais, é um filme muito bom que mostra como as pessoas de hoje dão mais atenção aos acontecimentos externos do que aqueles que se passam dentro delas mesmas.

Clipes

Levar 5 anos para ficarem prontos não significa que resultou nos melhores clipes do mundo. A falta de quem editasse os dito-cujos no “amor” é que causou o atraso. Aproveitei minha jornada para dentro do mundo da edição não-linear, por conta do nosso DVD, para desencavar projetos antigos e abandonados. O resultado são os clipes da nossa música “Minha Vida” (Água de Melissa) e da “300 Noites” da Doidivanas, ambos registrados mais ou menos na mesma época. “Minha Vida” teve o apoio de Deny Barboza (da Capitão Araújo) na câmera e de Wagner D’Oliveira dando assintência na produção. No “300 Noites”, fui assistido na produção por Raquel Heidrich, Jaques Rangel, Rui Madruga e Cassiano Gasperin. Cada um dos clipes custou, mais ou menos, R$10,00 – o preço de um fita miniDV na época.

Os 2 estão no You Tube:

Você não comenta em um blog, quando:

1. você não tem nada a falar sobre o assunto – é claro;
2. você não quer que a pessoa saiba que você é visitante assíduo;
3. você estava indo comentar, mas a pessoa que o fez, antes de você, disse exatamente o que você diria;
4. você estava indo comentar, mas a pessoa que o fez, antes de você, escreveu algo tão constrangedor, que nunca seria escrito por alguém de bom-senso, que comentar a seguir dela denunciaria que você leu o que ela disse. É embaraçoso demais. Não dá nem pra fingir que não leu. Você prefere fingir que passou batido pelo post e seus comentários;
5. você sabe que tudo o que poderia ser dito só geraria conflito desnecessário e ainda te achariam um chato. Releve.

Ah, o cocô nosso de cada dia!

Entre manter um baldinho de merda no banheiro ou correr o risco de entupir o vaso sanitário, eu prefiro a segunda opção. Entre ter que recolher diariamente papéis cagados do baldinho de merda ou assumir o risco de entupir a privada, eu fico com a segunda opção. Entre milhares de papeizinhos cagados voando pelo ar em um aterro sanitário, da lixeira revirada por cachorros em frente a minha casa, do caminhão de lixo, até, ou arriscar de entupir a latrina, eu continuo, mesmo, com a segunda opção.

Há, pelo menos, 23 anos eu coloco papel higiênico no vaso. Estou na terceira casa, desde então, sendo que em uma delas eu morei por 16 anos. Somando todos os meus lares, se tive 5 entupimentos, foi muito. E nada que eu mesmo não resolvesse em 2 minutos. O papel se decompõe muito mais rápido na água do que na terra ou no ar. É muito mais ecológico do que mandar os seus “envelopinhos carimbados” para ficarem voando em um lixão, caindo em qualquer lugar e poluindo, não só visualmente, o meio. É claro que não aconselho a todo mundo que coloque papel em seu vaso se a bitola de seu (calma, não vou falar besteria)… … se a bitola do encanamento do seu banheiro foi subdimensionada. Mas aconselho, sim, que, ao construir, dêem atenção ao correto diâmetro das tubulações para que elas permitam esta prática muito mais higiênica e ambientalmente menos nociva. Aconselho também que condicionem seus intestinos a liberarem-se, diariamente, no horário antes de um banho, o que facilita muito e garante um bom acabamento na limpeza; que gastem a quantidade mínima de papel para fazer um serviço bem feito, prefirindo despender maior volume de celulose mandando cartas para os amigos distantes, desenhando com giz, nanquim, lápis, escrevendo diários, ou fazendo qualquer outra atividade com um pouco mais de glamour do que limpar a bunda com uma quantidade enorme de papel. E não me culpem! Eu não gastei nenhum centímetro de papel para escrever isto. Ah! E, antes que alguém levante a mão amarela para me acusar, eu não tenho a bunda nem os dedos sujos! :)

(Se alguém souber de algum aspecto técnico que eu desconheça, por favor, deixe-me saber.)

Linhas

Um passo curto, outro comprido, outro comprido, outro comprido, outro curto de novo. Não havia forma correta. Dependida da calçada; do piso do lugar. Não pisava nas linhas do chão. Caminhava irregular para não apoiar o pé, por um piscar de olhos que fosse, sobre uma emenda de calçada. Mania comum. Boba. Coisa de criança. Tinha que fazer e fazia desde sempre e pronto. Apenas não pisava. Não sabia exatamente o que aconteceria se quebrasse a regra que ele mesmo havia criado, mas muitas vezes imaginava. Uma só linha pisada e o chão ruiria sob seus pés. Cada erro poderia ser um dia a menos na vida de alguém que amasse. Morreria um urso panda – que já eram poucos, ele sabia, e os achava bastante simpáticos. Cada rejunte pisado apagaria uma das linhas das palmas de sua mão. Lembrava sempre dessa nos momentos que não conseguia pensar em nenhuma nova. Era da que mais gostava. Quando perdia o foco da regra e encostava em uma linha, por pensar em outra coisa, como olhar para os lados para atravessar a rua ou encher a boca d’água com a carrocinha de picolé, checava rapidamente as mãos para ver qual a linha havia desaparecido. Muitas vezes não sabia certo o lugar de onde alguma teria sumido, mas imaginava. Em outras, tinha certeza: “havia uma linha bem aqui, eu sei”.

Se algo desse errado na vida, se alguma coisa que esperasse muito não acontecesse, lembrava da calçada exata onde tinha cometido o erro e da linha em sua mão que havia apagado. Chegou a pensar em consultar com freqüência uma profissional de quiromancia, para saber melhor a que se referiam as linhas que haviam sumido. Mas não fez. Não acreditava nessas coisas. Preferiu tirar cópias de suas palmas na copiadora do escritório. Registrava uma imagem de cada uma por dia e pendurava na parede do quarto. Assim poderia aferir visualmente o resultado de suas falhas, de suas distrações, e a quantidade de acontecimentos que ainda estavam por vir. Quando acabou o espaço nas paredes do quarto, teve que iniciar na sala. Planejou que o próximo cômodo seria o banheiro. As palmas estendidas nas paredes davam impressão que pessoas estavam presas atrás dos tijolos, empurrando, tentando sair.

Aos poucos, tinha uma explicação para cada expectativa frustrada, cada plano desfeito, cada dia monótono. Os dias, os meses, os anos passavam e as palmas dependuradas foram ficando cada vez mais lisas como as plantas de seus pés. Parecia um papel de parede degradê; do escuro pro claro; de cima a baixo, da esquerda para a direita. Sua vida também ficava cada mês mais vazia. Nos finais de semana, quando não ia ao escritório e não tirava cópias das mãos, analisava suas palmas o tempo todo e comparava-as com as imagens da sexta-feira.

Já era fácil contar quantas linhas restavam. Queria guardar uma para encontrar o amor da sua vida, outra para fazer um filho, outra pedir demissão do seu emprego, outra para ter muito dinheiro – mas só o suficiente para não se preocupar mais com isso –, outra para fazer parar as guerras (ou será que para isso o correto não seria guardar, mas apagar uma linha?). Todavia restavam poucas e algumas realizações consumiriam, sem dúvida, muito mais do que uma delas. Achou melhor pensar em destinos menores, que consumissem menos linhas. Queria uma linha, então, para ter um aeromodelo, outra para tomar um café na sua esquina favorita, outra para que seus amigos estivessem lá, outra para um abraço apertado em alguém, outra para ir visitar sua mãe no Natal e outra para dar adeus.

Acordou, olhou pela janela e percebeu que a cidade estava vazia. As linhas em suas mãos já não eram suficientes para que as pessoas fossem às ruas. Saiu para ver. Os carros não andavam, as nuvens não passavam. Havia pássaros caídos, com as asas abertas, como que congelados entre uma batida de asas e outra. Alguns sinais estavam abertos, outros fechados, outros amarelos. Mas não mudavam mais de cor. As vitrines exibiam televisões fora do ar. Os luminosos não piscavam, os ponteiros dos relógios não se mexiam e as árvores não dançavam com o vento. Ele nem mesmo soprava. Voltou para casa, tomando cuidado excepcional – com uma atenção que jamais havia tido – para não pisar em nenhuma outra linha. Dessa vez era fácil. Não havia semáforos para cuidar, sorvetes para salivar. Chegou em casa e não pisou no marco da porta, atravessou a cozinha na ponta dos pés, por entre as lajotas pequenas. Levou meia hora para cruzar o corredor, porque era de parquê. Deitou de lado na cama e nem se cobriu com o cobertor listrado, por precaução. Colocou o rosto próximo aos joelhos e fechou as mãos com toda a força. Quantas linhas ainda restavam? Talvez só uma. Preferiu não olhar.

Mediodia – Café Tacuba

Mediodía
(Café Tacuba)

Jala una silla, siéntate a un lado, aquí, donde pega el sol.
Mira las plantas, cómo reaniman la vista alrededor.

Parece mentira, los pájaros vuelan hasta mi balcón.

Mira los niños, juegan con globos de cualquier color.
Mira la gente, compra helados de cualquier sabor.

Parece mentira que haya tanta vida en este lugar, ¡qué felicidad!

Parece mentira que entre tanta gente en esta ciudad
no tengo a nadie con quien compartir la vista desde mi casa
este sábado al mediodía.

Aliás… – A Acústica dos Palcos de Pelotas

Vitor Ramil começa a cantar com a Orquestra de Cãmara do Teatro São Pedro – no Theatro Guarany. Eu só consigo pensar em como o som está pior do que o de 10 dias atrás.

Aliás, o som está ruim mesmo. Aliás, eu nunca presenciei um bom som no Guarany. Aliás, por caonta do som, Titãs foi horrível. Djavan foi médio. Adriana Calcanhoto eu estava mal posicionado.  Los Hermanos foi ridículo. 14 Bis foi legal por causa de uns fãs enlouquecidos que estava na minha frente (não lembro do som). Ed Motta foi sonolento (não lembro do som). Aliás, aliás.

A apresentação de Vitor com Paulinho Moska no Salão de Atos da UFRGS foi sensacional. Acústica perfeita, entrosamento (espontâneo) perfeito. Som simplesmente sem ressalvas. (Aliás) surpreendente, pra quem não está acostumado com as boas salas da capital. Eu só havia presenciado um som tão bom quando vi o Djavan no Teatro do Sesi – outro espaço onde a acústica beira à perfeição.

Mas eu não sou conhecedor de acústica para realizar uma análise profunda, (aliás) nem uma de qualquer tipo. Não sei se o problema se deve à estrutara inapropriada do Guarany, ao equipamento ou à inabilidade de ajustá-lo às peculiaridades do teatro. Talvez os dois. É bem provável que o som de retorno de palco também não estivesse bom, pois foi a primeira vez que percebi Vitor Ramil errar e até semitonar. E olha que eu sou perito em semitonar :). Foi uma pena. A gente só se dá conta das deficiências da nossa cidade quando compara. E a comparação, neste caso, estava tão latente na minha cabeça que era quase impossível se entregar à música da mesma forma com que estive absorto 100% no dia 3, em Porto Alegre.

Como foi o show de Vitor com a OCTSP (se é que a sigla é esta)? A resposta é: Vitor é um excelente cantor, instrumentista e compositor e a Orquestra é sublime. Fora isso, eu quero ver de novo Paulinho Moska e Vitor Ramil.

Minha teoria sobre o Lost

Minha teoria pode coexistir com muitas outras que todo mundo fala, como eles estarem mortos e a ilha ser um purgatório… e tantas outras.

Minha teoria não diz respeito sobre o motivo deles estarem ali ou qualquer outro motivo a cerca dos eventos sobrenaturais e não-naturais que acontecem a todo o momento. Até porque, acho que nem os roteiristas sabem disso ainda.

Minha teoria só diz respeito à linha conceitual pela qual se desenvolvem as histórias e acontecimentos. Eu já tinha pensado nisso antes de começar a ver a terceira temporada e, agora, estou sendo conduzido a acreditar mais fortemente nela.

Minha teoria é a seguinte: destino. Tudo que acontece com os passageiros daquele vôo estava escrito que iria acontecer. Por isso, as conicidências com a série de números, todos os encontros pré-ilha entre os personagens; tudo eram sinais que algo conspirava para acontecer com eles; que seu futuro estava escrito. Isso explica as cenas com o vidente australiano aquele que, para Rose disse que não pode fazer nada por ela e, para Claire, que ela precisaria embarcar naquele exato vôo.

Nos 4 episódios da terceira temporada que já vi esta minha hipótese começa a ficar ainda mais explícita.

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Se você ainda não viu os primeiros episódios da terceira temporada, não leia a parir daqui!
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– Quando os Outros vêem o avião caindo, eles parecem já saber o que estava acontecendo; como se esperassem por aquilo.
– Desmond prevê que Locke irá fazer um discurso e acerta.
– Hurley diz que está tendo um deja vu.
– Desmond prevê que um raio iria cair sobre a tenda da Claire e Charlie e monta um pára-raio e salva os dois e o bebê.