O Quarto Escuro

Entrei no quarto escuro. Puro breu. Fui tateando as paredes, sentindo a textura, procurando pistas do que havia ali. O tato dizia que a tinta era preta. Será? Com o pé, senti o rodapé. Devia ser preto também, pois não refletia nada. O piso, liso, mas não escorregava. Não era parquet, pois parquet a gente sente as tabuinhas. Também não era carpete nem lajota. Não fazia inhec-inhec, então, não era emborrachado. Não havia janelas, marcos nem tapetes. Em pouco tempo, já não sabia mais onde era a porta por onde entrei. O lugar era grande. Me desnorteei. Voltei, fui adiante. Cruzei a sala pelo meio, mas do outro lado parecia tudo igual. Continuei pelas paredes e achei uma saliência. Um cartaz. Não, uma plaquinha de sinalização, talvez. Lembrei do celular no meu bolso. Liguei para iluminar. Era uma placa, mesmo. Dizia: “não use flash”.