Coldplay em Porto Alegre — Transcendental

chuca de papel coldplay

Comunhão. Benção. Milagre. Estou procurando as palavras certas relacionadas ao divino para descrever o que foi o show do Coldplay nesse sábado em Porto Alegre. Não importa se você gosta ou não da banda, o que se viu na Arena do Grêmio nessa noite transcende o que se entende por música; vai além de gêneros e estilos.

Por que o show foi o mais incrível da minha vida?

Dar à plateia uma parte do protagonismo do evento, ao distribuir a toda audiência pulseiras de LED que mudam de cor conforme a canção, é uma jogada de mestre. Não estamos lá apenas batendo palmas e respondendo aos ô-ô-ôs. Somos atores do espetáculo. Somos parte de uma estrutura luminotécnica viva! O estádio todo pulsa em conjunto com os holofotes. Em “Yellow” todas estão amarelas. Em “Viva La Vida”, piscam freneticamente, variando as cores em sincronia.

Ao contrário de outros megashows onde são raros os lugares nos quais se consegue apreciar com qualidade, esse dá vontade de assistir várias vezes, uma em cada ponto do estádio. Há cenas com grande impacto visual para se ver de longe, de perto, de cima e de baixo. A empatia da banda em distribuir sua performance por três palcos — um tradicional, um ao centro e outro no fim da pista — também mostra que o Coldplay, ao invés de privilegiar apenas a pista premium, se preocupa com o dinheiro que todos pagaram pelo ingresso.

Bolas coloridas, várias chuvas de papel (cada uma com forma diferente — borboletas, estrelas, serpentinas, quadradinhos…) criam um cenário flutuante que encanta as visões de todos os ângulos e fazem a plateia se divertir. É impossível não estar feliz. É impossível não se emocionar.

“Head Full of Dreams” é um evento do bem, no qual a plateia se entrega de corpo e alma, refletindo o que a banda transmite no palco. São 60 mil pessoas sorrindo, se divertindo, vibrando em um tipo e quantidade de energia capaz de mudar o mundo. Acordei no domingo ainda pulsando e feliz da vida por ter participado de um momento com esse. Estou ainda hoje, segunda, impactado enquanto escrevo este texto. É um momento para toda vida.

É típico dos grandes shows que boa parte da audiência não seja especificamente fã de carteirinha. Muitos vão pela festa, pela oportunidade, pelo programa. Os ingleses do Coldplay acertam novamente em entregarem muito mais do que se espera e catequizarem, pelo menos, as outras três dezenas de milhares de pessoas, que saíram com vontade de tatuar seu nome no braço e não perderem mais nenhum lançamento da banda. Isso é experiência, é entrega surpreendente.

Coldplay sabe o que faz. Suas canções são simples, bonitas, eficientes e extremamente tocantes. Elas parecem compostas para o filme da nossa vida. É o poder da música. É o poder de Chris Martin e seus amigos. Desculpe, U2, mas chegou a hora de passar a coroa.

Queria que todas pessoas que gosto estivessem ali comigo, sentindo o mesmo que senti, porque sabia que seria difícil explicar. Espero que entendam.

palco Coldplaypulseira coldplay