Promoção Legal

Para divulgar o novo disco de Aimee Mann, foi criada uma promoção. Inspirada nos milhares de vídeos de fãs tocando as músicas de seus ídolos no You Tube (incluindo os da própria Aimee Mann), será escolhida a melhor performance nesse sentido, mas com uma música específica do lançamento da artista. Bacana. Abaixo o vídeo de divulgação que mostra um exemplo com a música “Save Me” que, para quem não se lembra, faz parte da trilha do filme Magnolia.

Só para Não Passar em Branco – Paralamas e Titãs

Duas bandas que marcaram minha história musical. Duas bandas decadentes, atualmente. Duas bandas com histórias de sucesso, tragédia e superação. Duas baterias no palco. Erro a previsão de qual é de quem. A do Barone era a da esquerda. Fui ver Paralamas e Titãs em Porto Alegre, no Pepsi On Stage, dia 4 de abril. Não tinha como não ir. Nunca me perdoaria. O lugar é bonito, bem decorado. Recursos legais de iluminação. Só que dá para perceber que não vai passar disso. É um ginasião. Acústica terrível. Tudo bem. É um show de rock, me convenço. Compro uma água e espero o show começar.

Uma meia hora depois do marcado, eles aparecem. Começam tocando “Diversão” (uma péssima música para abrir show) e emendam “Calibre”. Achei que a minha banda era capaz de, algumas vezes, ser caótica. Eles estavam sendo muito caóticos. Não dava para entender nada. Alguém estava tocando outra música ao mesmo tempo. A acústica não ajudava. Confusão sonora. Som muito alto para um lugar assim. A performance de Herbert Vianna, principalmente quando a música era dos Titãs, era abaixo do aceitável. Ele erra as notas; não entra para cantar. Os músicos se dão conta; tentam ajudar; disfarçam com o velho truque do “vamos-fingir-que-está-tudo-bem-porque-ninguém-percebeu” levantando os braços, pedindo que o público os acompanhe com palmas. Eu sou chato e percebi, mas azar. Entendo perfeitamente a situação. Entendo as novas limitações que o destino impôs ao líder dos Paralamas. Acho que os Titãs estão exercitando a generosidade em doses elevadas para uma banda perfeccionista e com 25 anos de história. Não é para qualquer um. Tem que ter um desprendimento do tamanho do mundo. Mas, também, eles sabem que a esmagadora maioria do público não está nem aí; não capta os defeitos, apesar de serem bastante grandes.

Os Titãs saem de cena. O palco agora é só dos Paralamas. O som melhora – menos zoeira. Herbert está perfeito, agora. Os Titãs voltam. Tocam algumas juntos de novo e, logo após, o palco é só deles. Sonzeira. Agora sim. “AA-UU”, “Epitáfio”, “Cabeça Dinossauro”, “Bichos Escrotos”… É incrível a capacidade de adaptação dessa banda. Quando perderam Marcelo Frommer, contrataram um guitarrista. Quando Nando Reis saiu, contrataram novo baixista. Para este show estavam só os 5 remanescentes. Paulo Miklos assume, nesta hora, a segunda guitarra. Branco Mello pega o baixo. São os Titãs no palco. Eu me emociono com isso. Aquela trupe de 8 caras malucos e geniais, continua viva, apesar de restarem só 5. Os Paralamas voltam. Chamam Fito Páez para cantar “Track, Track” e “Go Back”, que é ovacionado na capital gaúcha: “Fito! Fito!”. Depois é a vez de Arnaldo Antunes aparecer para cantar “Lugar Nenhum” e “Comida”. Andreas Kisser entrou e saiu mais de uma vez durante todo o show. Ao meu ver, participação desnecessária. Mais uma guitarra para fazer barulho supérfluo no meio da confusão.

A noite acaba depois de 2 voltas ao palco, finalizando com uma improvisação de “Que País É Esse?”, puxada por Herbert. Um show para guardar para sempre.

Surrupio Real

Gosto de biografias. Depois de ler a dos Titãs (que recomendo a todos que viveram a década de 80; inclusive que o façam escutando seus discos na ordem em que são comentados), estou no primeiro terço da de Roberto Carlos – sim, aquela contestada pelo protagonista e de distribuição cancelada. Escrita por Paulo Cesar de Araújo (conterrâneo do cantor), entre muitos fatos pitoresco – como o de ser recusado, no começo de carreira, em praticamente todas as gravadoras e demitido de uma delas – um fez eu ir atrás de mais informações.

Trata-se do primeiro LP de Roberto Carlos, chamado “Louco Por Você“, ainda sem composições próprias, o qual ele renega e nunca relançou. O livro destaca dois motivos para isso. O principal é que ele semitona no final da faixa de abertura “Não É Por Mim”, no verso “Todo o amor que eu sinto agora”, mais precisamente na palavra “agora”. Baixei o disco para ouvir a façanha do Rei (aqui). O segundo, e talvez mais curioso motivo, é que o então estreante no mercado fonográfico também não teve voz suficiente (sem trocadilhos) para fazer valer sua vontade sobre a capa do álbum. Ele desejava que ela exibisse seu semblante – como em todos seus trabalhos seguintes. Ao invés disso, ela estampou a imagem de um casal, roubada de um lançamento internacional da própria gravadora. Aí está, abaixo, a brilhante idéia do diretor artístico da época, Roberto Côrte Real, responsável também pela contratação do futuro astro.

Iêi-ooo!

74 mil ingressos vendidos. É o que divulga a Brasil 1 — empresa estreante no ramo de shows que comprou o produto The Police para o Brasil e está encarregada de sua produção. Com pequeno atraso, por volta de 5h15, os primeiros fãs entram pelos portões. Ao invés de revistar, um segurança pergunta: “Tem garrafa? Lata? Tá armado? Então, entra”. “Ufa, pelo menos a máquina fotográfica (proibida no verso do ingresso) não corre risco de ser confiscada.” Os cartões magnéticos, personalizados para o show, são engolidos pelas catracas eletrônicas. Eles não são devolvidos, para o desapontamento de quem pagou até R$500 para assistir o retorno, depois de 23 anos, do maior trio do rock mundial.

O Maracanã é realmente gigante; um monstro. É tão grande que se perde a noção da distância dentro dele. 100 ou 200 metros? Não dá para dizer. O palco tem 60 de largura, mas parece haver o triplo do seu tamanho de cada um dos seus lados até os limites do estádio.

Quando o templo do futebol mundial está praticamente cheio, nota-se que, pelo menos, 50% do público não saberia dizer o nome de 3 músicas da banda e, desses, um terço não saberia dizer nem o de uma. Não é o caso da família que acaba de chegar. O pai tem 50 e poucos anos, estilo pirata-motoqueiro, rabo de cavalo grisalho, com camiseta da banda. O filho, cerca de 25, cabelo comprido, também estampando “The Police” no peito em uma camiseta baby-look. Em primeira análise, pensei tratar-se de um argentino, mas depois que o ouvi falando, descartei e formulei outra teoria: seu pai, fã incondicional da banda inglesa, lhe deu essa camiseta quando tinha 10 anos de idade e foi fazendo lavagem cerebral na criança, até que ela soubesse a ordem de todas as músicas de todos os discos do trio. O guri veio, então, vestindo a própria, como certificado inexorável de sua devoção policiana. A filha, com seus 18 anos, veste a frase “Rock Hookers”, a qual, tenho impressão, não saber o que significa, muito menos seu pai e irmão. A mãe, está de verde.

“Vital andava a pé e assim achava que estava mal.”

São oito horas em ponto. Os Paralamas iniciam o show de abertura da banda que serviu de cartilha para seus primeiros álbuns. “Em cima destas rodas também bate um coração” canta um Herbert Vianna guerreiro, parodiando sua própria canção sobre o “acessório inseparável” com o qual ele não nasceu. Só que, agora, os aros são outros. O público gosta, respeita e aplaude. São os Paralamas do Sucesso. E isso basta. É claro que o som está ruim onde eu estou. Meu consolo é pensar que melhorará quando o Police entrar e que só deve haver um local ideal para se ouvir: bem no centro, em frente à mesa de som, se soqueando com umas 30 mil pessoas que querem ocupar o mesmo espaço. Mudo de ideia. Tá tribom aqui.

“Just a castaway. An island lost at sea.”

Nove e meia. Uma parte importante da minha vida musical está diante de mim. Um “diante” meio distante, é verdade. Apesar dos braços enormes, Stewart Copeland é uma formiguinha de onde estou. Ainda bem que há sete telões. Somente umas poucas mil pessoas, que pagaram 500 pratas para ficar bem frente ao palco, devem ter visto a olho nu que Sting usa algo como umas 30 pulseirinhas douradas. Só quem não precisa mais provar nada pra ninguém na vida, como ele, teria coragem de usar. O pai da família ao meu lado, grita toda a letra da música, desesperadamente, em coro com seu filho. A filha e a mãe olham para trás assustadas com a cena que estão presenciando. Seria aquele seu verdadeiro pai ou o que não lhe deixa voltar tarde da balada? Seria aquele o marido quem casara ou o que reclama, frequentemente, que sua camisa não está bem passada?

Cada vez que o guitarrista Andy Summers aparece no telão mais próximo, pai e filho gritam uníssonos “Andy, Andy, Andy”. É muito engraçado, pois é o guitarrista, reconhecidamente, o mais desprovido de virtuosismo e carisma dos três. É, também, o que comete os deslizes mais perceptíveis. Andy faz parte, sem dúvida, da química de uma banda (perfeita em suas pequenas mazelas) onde Sting é o compositor, maestro sensato e celebridade de plantão. Copeland é a energia, segurança, técnica e performance. Andy, no máximo, é um músico com bom gosto, que sabe ouvir o que seus colegas de banda mais talentosos sugerem, principalmente, o baixista. Ele esquece de fazer os backings, Sting faz por ele. Ele erra uma entrada, Sting fuzila com o olhar. Quando é a hora de solar e as atenções se voltam a ele, Mr. Summers, faz uns barulhos, alguma frase melódica infantil ou numa escala que ele mesmo inventou: “Escala Summers de Improvisos Ao Vivo”. Mas o pai e o filho, não deixam passar: “Andy, Andy! Andy!”

Gritinhos histéricos de meninas de 15 anos não me convencem. Boyzinhos marrentos brigando por cerveja também não. Aquela família, sim, merece estar aqui e faz questão de demonstrar. Teorizo: o pai, com o filho, chegou em casa com os ingressos em mãos dizendo para as duas: “Vou levar vocês para ver a melhor banda do mundo de todos os tempos. Será meu presente de Natal a todos”. A mulher pensou: “Lá se foram as férias na praia”.

As músicas vão passando. As que eles não sabem as letras, urram somente as vogais finais das rimas — “Ai, meus ouvidos”. Mas lembram de todos os iê-ios. Sentem, sem dúvida, a falta de “Spirits In The Material World” e se surpreendem com as improváveis “Next to You” e “Invisible Sun”, ilustrada nos telões por fotos de crianças pobres e famintas. O pai ficará sem voz por uma semana. O filho chora todas as lágrimas de um ano inteiro, que vão parar no vestido verde da mãe. Ela e sua filha descobrem que até os homens mais brutos não passam crianças quando brincam com o que gostam.

Sem dúvida, a turnê mais lucrativa de 2007 é também o espetáculo mais elaborado e complexo na carreira da banda, pausada abruptamente em 1984. Quando vieram ao Brasil, dois anos antes, tocaram para dez vezes menos público e, naquele tempo, não havia a cultura dos megashows. Agora são telões, painéis luminosos, moving-lights que iluminam as nuvens. Melhor para a família do tiozão, que assiste a um espetáculo de primeiro mundo, com uma excelente banda, no maior estádio do planeta, compartilhando entre si a alegria de um pai que realiza seu sonho.

O show acaba. A família vai embora. Mas, ainda em tempo, nas rampas de acesso, com um resquício de voz: “Andy! Andy! Andy…”. Imagino-os acordando na madrugada, se é que vão conseguir dormir esta noite, esbaforidos, como quem desperta de um sonho bom, com a garganta arranhada, tentando chamar pelo guitarrista: “…! …!” Mas não há mais voz.

Meu Herói

Nem sei se isso deveria estar na categoria música deste blog… Eu venho procurando este vídeo há muito tempo. Finalmente, agora publicaram. Trata-se de um especial do Fábio Jr., transmitido pela Record há uns 10 anos atrás. Tinha a participação de cantoras em cada uma das músicas. Todo mundo sabe que o Fábio Jr. é o maior xavequeiro, mulherengo e, digamos, homem-que-todo-homem-gostaria-de-ser da face da Terra :) Olha o que ele fez com a Simone, deixando, sem dúvida, a cantora com uma pulga atrás da orelha com relação a sua notória homossexualidade. Como diz um comentário do You Tube, a mulher devia estar ovulando nesse dia. :) Mesmo assim, ele é meu ídolo!

Em 1978…

Caro Picadura,

Confesso que a primeira coisa que estranhei foi seu nome. Sei que a sua mãe não tem culpa disso. Deve ser, provavelmente, um pseudônimo artístico. Por isso, aconselho-o a repensá-lo. “Picadura” não é muito pop. Definitivamente. Quanto à fita-demo de sua banda, preciso ser franco: ela é muito inconstante. Algumas músicas são muito ingênuas e o fato de vocês serem só três, deixa o som um pouco vazio na maioria do tempo. O mercado não quer isso. Olhe as bandas de sucesso. Essa história de punk (estilo no qual vocês embasam sua “pegada”) não vai durar muito tempo. O lance agora vai ser muito teclado, backing vocals. A música vai crescer. Pode acreditar.

Mas entre todas as faixas de sua fita, percebi que algumas até têm potencial, mas precisam ser melhor trabalhadas. Entre elas, a faixa 2. Em primeiro lugar, vocês deveriam trocar ela de posição. Ela tem que ser a primeira, pois é uma canção de impacto e se não mudar, assim como eu, as pessoas podem ter vontade de parar de ouvir o disco antes dela chegar. Aí, dançou. Ê, musiquinha chata aquela 1. Seguindo na 2, ela inicia muito de soco. O vocal não pode começar assim tão direto. Tem que ter introdução para o pessoal ir se preparando. Ir dançando, entende? Tem que ter um riff forte na introdução também. Quem inventou esse padrão na música pop sabia o que estava fazendo. Acredite em mim. Repensem.

E você (você é o vocalista, certo?) canta bem até, mas o tom tá muito alto. Você tá gritando muito, pô. Tá se esgoelando! Baixa uns 2 dois tons que fica bem melhor. E esse guitarrista de vocês? Cá entre nós, ele não toca nada. Fica só enrolando e não sai do lugar. Muito barulho e pouca nota. Pouquíssima nota. Ele por acaso é pago por nota e vocês tão em contensão de despesas? Isso que essa faixa ainda tem solo, porque as outras nem solo têm. Onde se viu música sem solo de guitarra? Isso é rock, meu amigo! Rock! Tem que trocar esse cara. Urgente! Esse pessoal do metal é que entende de guitarra. Quem sabe você não coloca um desses cabeludos? De repente, ao invés de substituir, se não querem perder o amigo, coloca uma segunda guitarra. O metaleiro fica de solo e o outro fica nos chaca-chacas dele. E quanto ao batera? De onde ele saiu? Ele até é criativo, mas é muito exibido — demais — e dá umas baquetadas meio fora do tempo, né? Eheheh. Bem fora. Não percebeu? Não vai me dizer que é música de vanguarda. Música de vanguarda ninguém compra. Tem que ser tudo quadradinho. Pop, meu amigo. Tem que ser pop!

Outra coisa, reavalie a letra dessa 2. O pessoal não vai cantar junto algo tão melancólico “Me sinto tão sozinho, tão sozinho, tão sozinho…”. Aproveita também e revê o nome da banda. “A Polícia”? Os jovens não gostam de polícia. E se fosse “Os Bandidos”? Isso sim tem cara de rock! Rebeldia. Atitude. Te lembra dessa palavra: “atitude”.
Picadura, troque de nome, siga também meus outros conselhos e, depois, me mande uma nova versão de sua demo. Aí, sim, vai vender milhões. Pode acreditar. Pode acreditar.

Marketing Gravadora

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Para ler escutando “So Lonely” do primeiro disco do “The Police”.