Dois Filhos

Mais faísca atrasada impossível. Só agora vi o aclamado, unânime e mais recente megasucesso do cinema nacional.

A saga da família Camargo não obteve nenhuma crítica desfavorável (que eu tenha lido), mesmo dos mais ácidos jornalistas. A Globo promoveu uma verdadeira campanha publicitário-jornalística, com segundas intenções ainda não muito claras pra mim. O fato é que com tanta gente falando bem é impossível assistir a “fita” com isenção no olhar. Minha cabeça era uma mistura de grande expectativa com rejeição pré-concebida, devido à grande exposição midianesca (adoro inventar palavras). As entrevistas que acompanhei narravam praticamente toda a história, inclusive sugerindo sensações para os mais diversos momentos. É claro que emoções agendadas não fazem parte do meu rol de sensações. Ou seja, a hora em que morre o irmão e o final de sucesso não me tocaram como sugerido. Minhas partes marcantes ficaram por conta de quando Luciano aparece em frente ao espelho, já crescido – como se estivesse ali para preencher uma lacuna deixada e dar prosseguimento ao sucesso que estava latente – e com relação à chamada música brega.

A popularidade desse e de diversos outros estilos me fez questionar com que direito eu e pseudodonos da arte e da “cultura” deste país temos a audácia de levantar a voz contra estilos musicais que, dentro de sua simplicidade, trazem a verdadeira alma do povo (do real povo) brasileiro.  Estou falando de letras que narram exatamente a vida, as sensações e os sentimentos de pessoas que existem e que realmente vivem ou viveram aquilo que é cantado intensamente, dentro de sua humilde e respeitável simplicidade.

Me contradizendo, do alto de minha arrogância “cultural”, mesmo sem conhecer os demais filmes que têm chances de serem indicados ao Oscar, aposto que 2 Filhos de Francisco não será. Não é pra tanto. Não é tudo o que falaram. A não ser que a Globo tenha mais poder do que suponho.

4 comentários em “Dois Filhos”

  1. se zeze de camargo e luciano sao da Som Livre fica facil entenderes a exposicao midianesca :) como eu moro debaixo duma pedra, nao fiquei exposta a isso, soh fui ver o filme com a rejeicao pre concebida mesmo.. e nao achei ruim. obvio q quando começou o final da coisa, com o show, eu queria ir embora. mas ateh ai, tava tudo indo bem, gostei do filme. agora… com certeza, a gente ignora a musica q realmente fala pelo povo – soh q eu acho q zeze de camargo e luciano, e outros sertanejos, nao sao essa musica. no começo, ate eram, mas agora sao musicas romanticas ruins. assim como eu nao gosto de Shania Twain, q chamam de “country”… mas adoro woody guthrie, johnny cash, willard grant q seja, ateh wilco.. q tem a raiz do folk mesmo. a real musica q fala pelo povo q a gente nao conhece, talvez a gente nunca conheça mesmo.

  2. fui ao cinema tambem para ver o que era tao bem comentado (ate por amigos que gostam de cinema), mas nao aguentei e sai na metade do filme. por mais que as cenas sejam bonitas, a musica eh MUITO desagradavel.

  3. Mas Gabi. O que eu falo não é só da música roots. Falo da música que achamos sem conteúdo; que achamos medíocre. Eles cantam o que passa na cabeça do povo. Muitas vezes é conversa de cu pra bunda. Mas é isso. As pessoas sentem isso e se identificam. Claro que, muitas vezes, elas são forçadas pela mídia… Tá, essa conversa vai longe… :) Deixa assim…

  4. assim como eh lindo dizer “voce eh meu tudo, voce eh meu nada” ninguem ta realmente pensando isso.. mas depois de ouvir a musica, ta o cliche eh mais facil de digerir

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.