O Primeiro

Algumas vezes, quando estou andando por um local mais ou menos remoto, penso que sou a única pessoa que pisou naqueles centímetros de terra. Não me refiro ao fato de ninguém ter estado lá, mas de não terem tocado o solo exatamente no mesmo local que eu. Viagem. É uma mania. Às vezes penso coisas assim. Claro que não se compara ao sentimento de alpinistas, mergulhadores ou astronautas. Esses, sim, são verdadeiros aventureiros que passeiam por locais realmente inexplorados. Talvez seja minha veia desbravadora pedindo para eu mandar tudo às favas (leia-se: “à merda”) e partir rumo à liberdade. Não. Acho que não. Não sou assim, definitivamente.

Mas nesse pensamento que me visita com frequência tão grande quanto a de minhas excursões exploratórias — ou seja, de cinco em cinco anos —, recentemente quebrei um de meus recordes imaginários. Só que dessa vez, tenho uma forte intuição que fiz algo inédito.

Saí de Pelotas às 4h da madrugada, em uma das noites mais frias do ano. A sensação térmica no sul do sul do Brasil estava na casa das dezenas de graus negativos. Depois de escalas e conexões em Porto Alegre, Campinas e Brasília, cheguei em Palmas (Tocantins) com uma temperatura, até agradável, mas acima aos 30ºC. Tive certeza absoluta que, dessa vez, eu era o único: o primeiro ser humano a usar ceroulão em Palmas.

2 comentários em “O Primeiro”

  1. Será que é mal de família?? Qdo era bem mais nova tinha a mesma mania de achar que eu podia ser a primeira pessoa a pisar em determinada coisa no chão! Mesmo em lugares muito movimentados, como uma rua, eu pensava que ninguém tinha pisado naquele determinado cantinho daquele paralelepípedo!! E me achava especial por isso!! Vai entender…

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