O sei-lá que não vem

Sempre fui resistente a acreditar em qualquer coisa que eu não possa esticar o braço e tocar. Isso inclui dinheiro que eu ainda não recebi, filme que eu ainda não vi, promessas, deuses, lobisomem, conversas-pra-boi-dormir etc. Isso pode parecer pobreza de espírito, mas eu prefiro não depender do pode-ser ao estipular meus valores de bem e de mal. Apesar disso, tento manter o máximo respeito pelas coisas que os outros acreditam.

Já faz alguns anos — talvez uns seis — que eu não arranjo explicação lógica alguma para coisas que acontecem.

Começou comigo andando na rua. De repente, achei que via um conhecido. Olhei melhor e percebi que estava enganado. Ao dobrar a esquina topo com a pessoa. Se isso acontecesse uma vez lá que outra, eu diria “coincidência”. Se eu me enganasse a toda hora achando que vira alguém, mesmo que não esbarrasse com ela em seguida, também poderia desconfiar que as poucas confirmações não passariam de acaso. Só que tal fato começou a acontecer com frequência tamanha que fica difícil fingir que não é comigo.

Recentemente as manifestações mudaram um pouco de representação, mas continuam se baseando no mesmo tipo de sensibilidade. Eu penso que algo pode acontecer e, volta e meia, acontece. Isso inclui, com maior incidência, encontrar pessoas que eu pensei que encontraria em lugares não-prováveis.

Não sou estudioso no assunto, mas de repente sou sensível à aura da pessoa. Ela está ali, eu não vi com os olhos, mas senti de alguma forma. Corro o risco de parecer meio ridículo para alguns. Não pretendo buscar qualquer tipo de orientação ou conhecimento sobre o assunto — como falei, continuo bastante cético, apesar de respeitoso — a não ser que as coincidências aumentem em número e expressividade.

9 comentários em “O sei-lá que não vem”

  1. Spooky. Eu costumo dizer que telepatia resolveria 99% dos relatos paranormais ou sobrenaturais por aí. Inclusive essas tuas experiências. Mas eu não acredito ainda em telepatia. Creio que duas explicações são possíveis. A primeira é que já viste ou ouviste a pessoa, mas teu consciente não se deu conta e gerou imagens subconscientes para te alertar. Mesmo um reflexo não observado em um vidro distante poderia ser suficiente para “pressentir” alguém que está em uma esquina oposta. A segunda explicação é memória atrasada. Ao encontrar com a pessoa, você gera uma memória de que teve um pressentimento pouco tempo antes. Esse caso é fácil de resolver: quando tiver o pressentimento, comente com alguém ou anote algo antes do fato se concretizar. Esse é o mecanismo por trás dos “deja vu”. Alie isso a coincidências esporádicas e têm-se uma forte sensação de paranormalidade :)

  2. O segundo não é possível, pois a recordação é muito forte, não se parece em nada com um deja vu. O primeiro é possível, mas não creio que fosse possível de acontecer em todos os casos. Mas talvez em alguns já fosse suficiente para juntar com as coincidências e eu achar que realmente é algo “de outro mundo”. Vou tentar ser menos empírico nas próximas ocorrências. :)

  3. Eu tb tenho dessas (saber onde as pessoas estao, saber quem é que tá ligando antes de atender o telefone, saber o que os outros pensam antes deles dizerem, saber com 99% de certeza como as pessoas se sentem ao meu respeito, adivinhar coisas que vão acontecer, saber quem é que fez o que mesmo sem estar presente no evento). O Ricardo diz que eu sou spooky, e que é meu cérebro me pregando peças. :) Mas às vezes, ele tb fica surpreso comigo. A única coisa ruim é que tu nao controla e é meio chato. Seria muito mais legal se funcionasse quando eu quisesse. :DD Na realidade, eu acho que é algum tipo de percepção – olfativa, energética, dedutiva sei la eu- que se manifesta do subconsciente para o consciente. Em outras palavras, acho que é só o meu cérebro sendo ele mesmo, deduzindo as coisas e trabalhando com possibilidades de acontecimentos. Ou não, é claro.

  4. Bem, há softwares no MIT que predizem onde uma pessoa (cobaia) vai estar em dado momento. Há outro na polícia de NY que prediz onde vai acontecer um crime. Isso é possível devido à regularidade de nossas vidas. Mas não é uma regularidade linear, então pode ser que escape ao consciente mas que o subconsciente capte.

  5. Uma coisa é certa e todos concordam: a gente não usa a maior parte de nossa capacidade. Como vamos saber que tipo de capacidades estão escondidas? Pode ser isso mesmo.

  6. O que acontece comigo é o seguinte: as vezes eu simplesmente sinto que devo (ou não) fazer uma coisa. Tipo sair para uma festa, comprar algo, ir por determinada rua, etc. Sempre que eu vou contra este sentimento acontece algo ruim. Por isso comecei a confiar nele. Outra coisa que acontece seguido comigo são os Deja Vu(s?). Eu tenho lembranças de quase meio minuto, chega a ser assustador. Mas sei lá, eu simplesmente aceito essas coisas, não me acho especial nem pior por isso. heuheuhehu (acontece com religiosidade isso, mas aí é outra história…) :)

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