Curitiba Rock Festival (parte 4)

As luzes se apagam. O alvoroço é tanto que mal se percebe os acordes iniciais de My Name Is Jonas. É claro que seria esta a música escolhida para abertura. A Freezer também abre os shows com ela (eheheh). Ela inicia o disco azul; é a música que começa a carreira do Weezer.

É nitidamente visível que o nível de partipação e satisfação cresceu exponencialmente. Chego à conclusão que, realmente, todos estão aqui só para ver Weezer: “Curitiba Weezer Festival”. Não vejo ninguém que não esteja pulando feito um louco e cantando toda a letra. Esta pode não ser a maior banda do mundo, mas o grau de devoção e satisfação dos fãs em estarem aqui, tendo esta oportunidade, são gigantescos. Para mim e para toda a platéia, é, sim, a melhor banda do mundo.

Começa a segunda canção. Brian Bell, o guitarrista, toca a introdução de Tired of Sex, que abre o Pinkerton, no teclado. Vou confessar que eu achava que o som daquilo era de guitarra, pois realmente tem uma boa dose de distorção naquele som. A escolha da música como segunda é justa; justíssima; ela é puro vigor. Mais que isso: começo a perceber que todas ganham mais força ao vivo, como geralmente tem que ser, mas como, em muitos shows cercados por um manto mítico, costumam vacilar e revelar uma banda fraca e sem coesão. Definitivamente, este não é o caso. Weezer não me desaponta. Aliás, aponta, e muito bem afiado.

O show segue com cada vez mais surpresas, como a cover de Big Me, do Foo Fighters – com quem o Weezer tem excursionado pelos EUA. Quem canta In The Garage (o hino do nerd roqueiro) é o baixista Scott Schriner, a cara do Elvis Costello. Em This Is Such A Thing, uma das únicas 3 canções do último álbum (Make Beleive) que eles tocam (graças a Deus), Brian fica nos teclados para o arranjo newordístico e o roadie 1 – sim, aquele que se esmerou tanto em consertar a guitarra que tinha mais umas 4 iguais de reserva – pega o instrumento e manda ver. Ele participa em diversas outras músicas, seja quando Brian ou Rivers assumem os teclados ou, simplesmente quando o vocalista prefere só cantar. Não sei por quê, mas isso me sensibilizou. O sonho de todo roadie é tocar com a banda para a qual trabalha. Aqui, isso é feito de uma forma tão normal, sem as apresentações geralmente usuais que, se feitas, poderiam ser interpretadas como uma tentativa forçada de demonstração de coleguismo e humanismo. Bom, coisas da minha cabeça. O fato é que acaba me passando justamente esta imagem da banda: uma banda legal, sem estrelismos e com um marketing que não inventa nada, apenas explora a verdade de cada um; o que eles realmente são.

Patrick Wilson, o batera simpático, troca de lugar com Rivers, empunha a guitarra e assume os vocais, enquanto o maior compositor do rock contemporâneo senta na bateria. Eles tocam Photograph (do verde). Cuomo usa as baquetas de forma esquisita, transparecendo total falta de intimidade com o instrumento, mas não desanda o ritmo nem comete deslizes. É o melhor show da minha vida e ainda não está nem na metade.

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