Artesa

Sou só eu ou alguém também já ficou instigado com essas feirinhas de artesanato espalhadas pelo Brasil?

Magrinhosamente chamado de “artesa” na capital gaúcha, trazem em si o apelo de ícone da cultura de cada local. Nenhum turista deixa de visitar uma feira dessas em suas viagens. Procura-se levar para casa uma pulseira, um colar, uma renda ou um artigo de decoração representativo dos hábitos e costumes tradicionais do povo em questão. Acontece que, não importa onde se esteja — Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Brasília, Recife, Palmas, Porto Alegre (só para citar capitais) —, o que é vendido, no grosso, são as mesmíssimas coisas: os mesmos brincos de capim dourado ou de pena, as mesmas bonequinhas coloridas , os mesmos vestidos rendados. O valor do souvenir varia de acordo com o fluxo de visitantes estrangeiros no local ou com o aluguel/condomínio, no caso de “franquias” em shoppings centers e aeroportos.

Mas afinal de contas: essas peças são representativas de onde se está, se encontramos as mesmas em todos os lugares? Quem as produz de fato? Pergunte a um dos feirantes se ele conhece o artesão daquelas bijuterias; a bordadeira daqueles panos; o escultor daqueles paus e ferros. É claro que não. Aposto que todos compram de alguns poucos distribuidores, senão de um só. Pra mim, é tudo feito em escala industrial. Deve ter uma máquina especialmente desenvolvida para fazer aqueles desenhos de areia colorida das garrafinhas, se é que não é uma massa compacta com a paisagem pintada simulando a técnica original.

Pra mim, vem tudo da China, com qualidade américa-do-sul.

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