A ação de Felipe Neto contra Crivella

Não sei se tenho direito ou não de abordar este assunto, mas o farei a respeito dos aspectos que conheço, relacionados a meus meios de atuação.

Para quem não acompanhou o ocorrido, o prefeito Crivella, motivado pela página de uma HQ da Marvel — à venda na Bienal do Livro do Rio de Janeiro — que exibia um beijo gay, ordenou que todas as publicações com temática LGBT do evento fossem embaladas em plástico preto e sinalizadas como impróprias, como se fossem pornografia. Não preciso discutir o fato. Todo mundo sabe o que um membro da Igreja Universal do Reino de Deus pensa a respeito do assunto e, quem me conhece, sabe que sou 100% contra.

Só que aí, entrou Felipe Neto. O youtuber, cuja carreira e amadurecimento profissional e pessoal aconteceu aos olhos de todos pela internet, hoje tem 34 milhões de inscritos em seu canal e, cada vídeo seu atinge, no primeiro dia de publicação, cerca de 1 milhão de visualizações. Chocado com a atitude retrógrada do prefeito, como a maioria das pessoas de bom senso, Felipe comprou todo o estoque de publicações sobre o assunto das editoras presentes na Bienal do Rio. Até sexta, eram 10 mil unidades. Mas ele não só comprou como as distribuiu gratuitamente, embaladas em plástico preto e sinalizadas como mandou Crivella: “Este livro é impróprio.”, “… para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas” — complementou. O número de exemplares depois foi atualizado para 14 mil. Você pode ver aqui o vídeo publicado dia 6, com a declaração de Felipe:

A imensa maioria das manifestações foram de apoio, mas alguns se posicionaram contra, dizendo que Felipe foi oportunista. Pois bem, é sobre esse aspecto que me sinto no direito de fazer textão.

Acredito quer cada pessoa que tem o intuito de ajudar, ou simplesmente se manifestar, tem mais legitimidade e consegue melhor resultado quando o faz dentro de seu métier. Um músico, que quer abordar o tema do fascismo (vide Roger Waters), compõe e leva a mensagem em suas canções. Um produtor de alimentos, sem dúvida se sente mais à vontade e será mais eficiente se ajudar doando alimentos que produz. Uma agência de propaganda, como a minha, se acha mais útil quando cria campanhas voluntárias, para ajudar as causas em que acredita. Não preciso dar mais exemplos. São infinitos. É assim que procede um artista plástico, um escritor e, até, um político, que realmente está imbuído por fazer o bem comum.

Então, de que forma um youtuber, com tamanha visibilidade e influência seria mais eficiente? Felipe é bom de comunicação, de marketing e de criatividade, além de ter feito muita grana na carreira. Juntou seu talento com o dinheiro que tem e mandou o recado mais bem dado do ano.

Achei do caralho! Fiquei emocionado! As minorias não clamam por representatividade, apoio e voz? Felipe deu a voz! Felipe apoiou e representou. De que forma teria feito melhor? Não me ocorre.. Eu não fiz nada. O que você fez?

Foi oportunismo? Não, foi oportunidade! A vida é feita delas. E eu espero, de coração, que ações oportunas como essa revertam também para quem as promove, pois estaremos criando um círculo virtuoso.

Fico feliz que minhas filhas tenham visto o vídeo de Felipe e a repercussão que sua atitude teve. Serão melhores do que eu e, no futuro, talvez façam o que eu e você não fizemos em oportunidades como esta.

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