Mais Preto que Vermelho

Todos vestiram a camisa do seu time. Os de bicicleta, os do ponto de ônibus, os motoboys, os frentistas e os que atravessavam a rua. Os vendedores de jornal e até os descamisados a vestiam. A moça que abria a loja estava com a vermelha. O dono do escritório, com a branca. Um ia pro trabalho com a bandeira nas costas. Eles não estavam comemorando uma vitória. Não celebravam uma contratação, nem a chegada de um novo patrocinador. Não era aniversário do clube e nem tinham subido de divisão. Não havia sido lançado um novo uniforme – cada um usava o que tinha em casa, de anos. Não comemoravam a eleição de uma nova diretoria nem achacavam a derrota de seu rival. Sua sede não estava sendo reformada.

O nome do seu time aparecera nos noticiários nacionais e internacionais, com exposição inédita. Mas eles não celebravam nada. Na verdade, não havia nada para ser comemorarado.

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