No fio da navalha

Há alguns anos atrás, a Stela me convenceu a cortar o cabelo no mesmo “salão” que ela. Desde os 13 anos de idade eu cortava com o Ari, no Salão Pará. O Salão Pará, na época que eu frequentava, ficava na Sete, a poucos metros do Aquário. Depois, passou por algum outro lugar que eu não me lembro, até estabelecer ponto na Osório, entre Neto e alguma coisa. O fato é que o Ari era um facão. Meu cabelo é horrível e o corte dele atrapalhava mais ainda. Além disso, nunca tínhamos assunto. O papo lá dentro era sempre futebol e eu não sou chegado na bola. Uma vez tentei puxar assunto sobre Fórmula 1 e obtive somente um evasivo “ah, é” como resposta. Fórumla 1 não deveria ser um tema muito macho para um salão de barbeiros, sei lá. Apesar que a porta do Pará sempre exibia em letras até bastante floreadas o tradicional dizer “unissex”. Nunca vi uma mulher lá dentro, a não ser para fazer as unhas dos senhores – senhores da época em que nem se ouvia falar em metrosexuais. Hoje, eles nem devem mais ter esse cuidado manicurístico com medo de serem enquadrados em tal denominação de masculinidade tão pouco incisiva. Mas no Pará eu nem marcava hora; só chagava. Se o Ari não pudesse me atender eu dava uma volta no centro, ia na Studio CDs e pronto. Logo ele já estava livre. Já no novo hair-design-fashion-studio é preciso marcar hora, mesmo que você acabe esperando um tempão. Mas não sou eu que ligo pra agendar – imagina um cara macho como eu ligando para marcar hora num lugar assim. Quem marca sempre é a Stela ou a secretária da agência, a Elisa. Afinal, isso não é tarefa pra homem. O estranho é que no meu novo salão eu tenho assunto de sobra com o cabeleireiro, seja sobre minha filha, propaganda, filmes, xampus, etc. A bicha tem um bom papo e, desde quenão esteja dando em cima de mim, estou totalmente satisfeito. Mas o melhor do salão é quando uma loirinha peituda lava o meu cabelo. As vantagens são grandes.

Neste momento, estou eu, aqui, num salão fashion, com a cabeça molhada, toalha no pescoço, esperando ser atendido pelo hair designer de preferência de minha esposa, aproveitando para escrever este post no meu celular. O meu sonho de consumo é que a Stela faça um cursinho de tesoura e corte o meu cabelo no banheiro, eu sentado no vaso, nu, na minha própria casa, como minha mãe faz com o pai até hoje. Neste caso, colocarei a foto de uma loira peituda na porta do banheiro, só para incrementar o marketing de relacionamento.

3 comentários em “No fio da navalha”

  1. bah muito quadro cara. lah no salao parah eu cortava o cabelo com um castelhano q sempre mandava eu lavar o cabelo com o colorama “sabor” ovo, por causa da caspa… e o pior q no inicio era meu pai q me levava e decidia o corte.. ele pedia pro cara deixar o cabelo por cima da orelha, assim tapando a metade dela.. hoje em dia eu corto (melhor dizendo arranco o q me resta de fios) lah no sadi, na cohabpel.. sempre tem a ultima playboy e um radinho ligado nas am´s q eu tanto gosto de ouvir : D

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