O homem, a grade e o Doritos

imagem meramente ilustrativa

Em frente à agência, bem na esquina, tem um estabelecimento suspeito. É um misto de boteco com minimercado. Como a padaria mais próxima fica a três quadras, às vezes nos arriscamos por ali. Dá pra comprar biscoitos Zezé, pães industriais, Coca-cola… Os mais corajosos ousam croquetes, esfirras com recheio “pincelado” de molho de tomate ou algum pastel folhado emplastado de gordura. Só mesmo desejo de grávida pra validar.

O dono é um tipo sério, de pouca conversa; centrado, mas ruim de troco; jovem, mas sempre com a testa franzida. Com medo de assaltantes (ou fiscais), mantém a porta de grade sempre fechada, que abre remotamente por um botãozinho qualquer quando um cliente se aproxima.

No dia mais quente do ano, não aguentou o calor: tratou de pegar uma cadeira plástica, da Kaiser, e escorou a porta gradeada, 99% vazada, garantindo que não fechasse e que o ar circulasse melhor. Certo que foi baseado nos túneis de vento para testes aerodinâmicos da Fórmula 1: resistência próxima do zero.

O tipo não tem o mínimo senso de humor. Procurando por um Doritos, achei um pacote híbrido: “Doritos+Ruffles+Baconzitos”. Bãã! No primeiro relance, não entendi bem e perguntei do que se tratava, mais para puxar assunto. Respondeu seco: “é tudo junto misturado”. Tentei fazer graça: “Ah, achei que era Ruffles com sabor Doritos”. Ele respondeu: “Não, não.” Poxa, juro que me esforcei para arrancar-lhe um sorriso. Pelo menos saí de lá com uma ideia para a promoção “Faça-me um Sabor” da Ruffles: “sabor Doritos”. Inscrevi.

— Quer uma sacola?
— Não precisa. Obrigado.

5 comentários em “O homem, a grade e o Doritos”

  1. grande amigo o “tio” do boteco. sou consumidora assídua das tortuguitas, e experimentei ontem o novo produto: pastéis suiços. Delícia, recomendo hehehe

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