Aprendi em um país civilizado

Viajar é bom por isso.

Estava em um ambiente comercial onde tinham alguns pequenos restaurantes com poucas mesas em cada. Todos bem concorridos. Um lugar de passagem e não para ficar. Eu e minha família decidimos comer e optamos por um.

Naturalmente, como manda o hábito brasileiro, pedi para a Stela guardar uma mesa que acabava de vagar enquanto eu entrava na fila para fazer o pedido para todos. Na minha frente estava uma família de turistas alemães. Mas ao contrário da minha, estavam todos de pé, junto ao pai que já era atendido pelo caixa.

Depois de pagarem, com as bandejas em mãos, foram buscar lugar em uma das cinco mesas, mas todas estavam ocupadas com clientes almoçando, menos aquela em que minha esposa aguardava com as gurias. O alemão voltou ao caixa e reclamou que havia uma mesa ocupada por pessoas que não estavam se alimentado. O caixa foi até elas e pediu que a desocupassem. Tentaram, em vão, explicar que eu estava comprando a comida pra elas. Tiveram que levantar.

Não recordo de ter sentido antes tanta vergonha por ser brasileiro em uma viagem ao exterior. Me visualizei um homem de neandertal, um bicho selvagem, um cachorro que precisa garantir o seu antes que outro o tome.

Depois, comecei a reparar que em outros lugares públicos, bastante frequentados por turistas, havia um cartaz dizendo algo como “só pegue mesa após estar servido”.

Óbvio, é tão simples! É primário! Se uma família guarda lugar enquanto alguém se serve, ocupa a mesa por, pelo menos, o dobro do tempo necessário. É preciso um espaço físico duas vez maior em uma praça de alimentação para comportar pessoas mal-educadas como a gente. Você sabe quanto custa o metro quadrado em um shopping center, em um aeroporto? Poderia ser bem menos se agíssemos como gente civilizada e não como um cachorro que rosna para defender seu osso.

Hoje fui almoçar no Espaço Nave. Ótimo lugar! Excelente comida. Só havia ido lá à noite. Estava lotado devido ao clima bom deste feriado. Eles até tentam ao meio-dia que você se sirva antes de pegar lugar (afinal, são inteligente e cultos) — fecham a entrada do pátio e deixam apenas a do caixa, formando a fila para o buffet direto ali. Só que o brasileiro pensa como eu pensava. Ele manda alguém guardar assento e vai para a fila. Em situações assim, onde cada um precisa se servir de uma vez, é ainda pior. Primeiro vai um, depois o outro e, após, o segundo ainda tem que acabar de comer. Provavelmente, três vezes mais tempo do que o necessário ocupando uma mesa, que mesmo compartilhada, é concorrida.

Ainda temos que aprender muito como civilização e sociedade.

(Depois que escrevi isso, fiquei com a impressão de já ter feito um post sobre esse assunto, mas não encontrei.)

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