O Natal de Sean

Sean tem 9 anos. Sua mãe morreu ao dar à luz o seu segundo filho. Com a ausência materna, as crianças foram criadas pelos avós e pelo padrasto. O pai de Sean, norte-americano, foi deixado pela mãe de Sean, brasileira, quando ela veio de férias ao Brasil, trazendo Sean, e nunca mais voltou. Não sabemos os motivos da mãe, os motivos do pai e nem dos avós. Mas  todo mundo sabe que não ter mãe é algo que não faz ninguém melhor.

A família brasileira de Sean, incluindo seu padrasto, cuidou do menino, como acredito que devesse ser a vontade da mãe. Mas o pai de Sean não estava feliz e resolveu pedir sua guarda. Da mesma forma com que os avós não permitiam um maior contato paterno, o pai resolveu, através da justiça, agir. O processo internacional arrastou-se por anos e, neste mês, o governo brasileiro intrometeu-se definitivamente. Em troca de uma votação favorável no senado americano sobre questões que dizem respeito a relações comerciais com os Estados Unidos, o STF posicionou-se a favor do pai. Segundo declaração de Hillary Clinton, o país agiu de acordo com as leis internacionais – mais precisamente a Convenção sobre Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças (Convenção de Haia, de 1980). Só que Sean foi usado como moeda de troca pelos nossos governantes. O pai de Sean foi autorizado a levar o menino embora e o fez. A avó de Sean foi proibida de acompanhar o neto no voo até o autodenominado país da liberdade. As visitas também estão proibidas.

Não interessa quem está com a razão nessa história, se o pai, os avós, a justiça… Ninguém deu a mínima para Sean. Ninguém sabe o que Sean pensa e sente. Sean é só uma criança. Ele passou o Natal com seu pai nos parques da Disney. Como se fosse possível comprar o amor de uma criança com um algodão doce. Não há Mickey que faça-o sentir-se amparado, seguro, amado e feliz.

Este foi o Natal de Sean.

2 comentários em “O Natal de Sean”

  1. É… e essa história é muito comum, aqui mesmo entre brasileiros. O problema é que as familias se deixam levar pelo próprio egocentrismo e disputam o poder, escedendo-se do “objeto” principal: o bem-estar da criança. As familias devem ceder, os dois lados; e serem suficientemente civilizadas para compartilharem a guarda. É… O problema das crianças são sempre os adultos.

  2. essas são daquelas coisas que me fazem sofrer a distância. o brasil é um país ridículo, mas as pessoas continuam sempre quietas, temem o governo quendo deveria ser o contrário.

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