Chegou a Hora de Votar

Como já falei aqui, estou participando de um concurso de composição realizado pelo Leoni. Ele fez a música e os competidores têm que fazer a letra. Os finalistas serão escolhidos por votação popular. São 18 paredões com 16 concorrentes em cada. Os dois primeiros colocados são classificados.

PRECISO DA SUA AJUDA! O meu paredão é neste fim de semana e dura até segunda, 2/abr (eu acho). Cada pessoa só pode votar uma vez e precisa criar um cadastro no site do Leoni, irá receber uma senha por email e aí é só votar. CONTO COM VOCÊS.

INSTRUÇÕES PARA VOTAR

1. Acesse http://trampo.com.br/leoni/wp-login.php?action=register e cadastre-se.
2. Sua senha chegará no email fornecido. Caso não receba, veja na caixa de spam.
3. Acesse http://trampo.com.br/leoni/wp-login.php e faça o login.
4. Sem fechar o navegador, vá em http://concurso.leoni.com.br/
5. Escolha “Daniel Moreira” e clique em “votar”.

Valeu!

Famiglia e a Cidadania Italiana

Imagem meramente ilustrativa

Minha mulher, Stela — italiana pura de pai e mãe — tem direito a solicitar sua cidadania nesse país. Por ser algo bem complicado e demorado de agilizar, nunca foi atrás. Porém, surgiu uma oportunidade. O tio dela encaminhou toda a papelada, que inclui certidões de nascimento e casamento de toda sua ascendência. Portanto, o caminho está aberto, basta dar entrada como “portador de título” (brincadeira). Ou seja, se já há alguém da família que requisitou, é só informar o número do processo e tudo sai mais rápido.

A segunda boa notícia é que como o esse tio é o irmão da mãe e não do pai, a possibilidade de cidadania é ampliada pra mim, “o marido”. Logo eu, um reles mistureba de português, francês e sabe-se-lá-o-quê-mais (inclusive italiano). Fiquei pensando nas vantagens de ter um passaporte da Comunidade Europeia, mas me ocorreu algo perturbador: ao se tornar cidadão de um país qualquer, imagino que se adquire não só os direitos de seus compatriotas como também os deveres. E aí a coisa começa a pegar. Quais seriam os deveres de um italiano?

Imagino a lista:

– é proibido cortar o macarrão;
– só é permitido fazer pizza Margherita, com mussarela de búfala, molho de tomate e manjericão;
– é preciso aprender truco jogando, e tendo as regras explicadas durante o próprio jogo, por um italiano ou descendente puro, que não admite substituir os termos técnicos e nomes de jogadas e macetes por outros mais didáticos — tipo aprender a falar japonês com um japonês que só fala japonês;
– há de se tomar vinho caseiro em toda refeição, em uma quantidade que projete a soneca pós-refeição;
– polenta pré-pronta nem pensar — tem que ser feita no muque com apenas farinha de milho, água e sal;
– deve-se receber italianos, membros distantes da família, uma vez por ano, durante 3 semanas, em nossa casa no Brasil — país que eles adoram porque tudo é mais barato — e levá-los para fazer compras em Ciudad Del Leste, Paraguay.

IV Concurso de Composição Leoni

Sabe o Leoni? Ex-Kid Abelha, ex-Heróis da Resistência… “Garotos”, “Alice”, “Lágrimas e Chuva”, “Como Eu Quero” e todas os demais hits do Kid Abelha do começo da carreira. Pois ele está organizando o IV Concurso de Composição Leoni. Funciona assim: ele compôs uma melodia, gravou sobre harmonia e arranjo e disponibilizou para baixar os áudios com a melodia (“na, na, na nááá…”) e com somente a base. Os candidatos devem fazer uma letra que encaixe na melodia, gravar um vídeo (não sei pra que mostrar a cara, mas…), publicar no Youtube e se inscrever no site. Depois de 7 de março, abrirão votações populares que elegerão os finalistas. O que está em jogo é apenas a letra e não o vídeo. O vencedor será escolhido por juízes designados por Leoni e, acredito, óbvio, por ele próprio.

Tomei coragem de colocar a cara a tapa e fiz minha sugestão. Olhe abaixo. Vou precisar da sua ajuda, se gostar dos meus versos, é claro. Mas eu aviso pelas redes sociais quando for momento de votar.

Carta Aberta a Rubens Amador

Eu escrevia para o Amigos de Pelotas. Desisti e mandei este email para o Rubens deixando a cargo dele publicar ou não. Não sei se o fará, então, publico aqui.

================================

Caro Rubens,

Não sou jornalista. Dá pra perceber pelo tipo de coluna que eu mantenho no Amigos de Pelotas. Sou publicitário. Talvez não dê pra perceber pelo tipo de coluna que escrevo. O fato é que como tal, minha agência tem clientes que algum dia poderiam se sentir prejudicados por questões levantadas pelo Amigos. Isso me deixaria em uma situação complicada. Mesmo que eu não tenha absolutamente nada a ver com a linha editorial do Blog e que eu seja totalmente independente, a impressão será sempre a contrária. Antes de uma situação desse tipo ocorrer, comunico que não mais escreverei para este veículo e nem para nenhum outro no qual eu possa ser questionado sobre pautas que não me competem. Eu não sou jornalista. Não fiz o juramento.

Confesso que tenho certa vergonha de agir assim. Parece que estou indo contra princípios, mas não. Certamente seria mais constrangedor se o fizesse em momento crítico ou se simplesmente desaparecesse do mapa. Sempre admirei tua postura jornalística, de levantar questões que nenhum outro veículo levanta, de ter coragem para questionar, de procurar ouvir todos os lados da notícia.

Para aqueles que te abominam, gostaria de dizer algumas palavras. Todas histórias têm pelo menos duas versões. E todos acusados sempre se sentem vítimas. Ninguém acha que está errado, nunca. Nem Hitler achava. Alguém duvida disso? Todas as pessoas têm pequenas desculpas para deslizes, contra-acusações para desvios de caráter, justificativas para ilegalidades, buscas por bem-maiores para crimes contra a humanidade. Ninguém nunca é do mal. Mau é sempre alguém. Quem sabe se colocar no lugar do próximo? Alguns te acusam de nem sempre ouvir o outro lado, mas por que o outro lado quase nunca aceita te dar entrevistas?

Não vou me alongar. Meu recado está dado. Entenda quem puder, questione quem quiser. Continuarei admirando teu trabalho enquanto ele continuar admirável. Sabe aquele texto sobre os chatos que publiquei aqui? Espero que continues sendo um dos chatos que salvarão o mundo ou, pelo menos, morrerão tentando. Descobri que não sou chato o suficiente e esse é um dos motivos pelos quais me retiro. Eu não sou jornalista (já disse?), mas tenho vergonha alheia por muitos que dizem que são.

Com respeito,

Daniel “Cuca” Moreira

Fanzine Skate-punk

Eu tinha uma banda skate-punk aos 14/15 anos. Bem na época, eu e um amigo, fazíamos um fanzine de skate chamado ProSkate, cheio de matérias e fotos realizadas por nós mesmos. Tinha um “concorrente” que parecia tentar ir na nossa cola, nos imitar. Só que ele não produzia as matérias. Copiava de revistas e remontava. E para as imagens usava figurinhas de um álbum lançado pela revista de skate mais foda da época, a Overall.

Fizemos uma uma música em homenagem a ele.

Nosso zine é bom, nosso zine é mau
Nosso zine tem figurinha da Overall

Legal, legal, legal, legal, legal

Nós tomamos leite, com café ou Nescau
Nós ouvimos Circle Jerks e Suicidal

Legal, legal, legal, legal, legal

Nosso zine tem entrevista com o Junae
E patrocínio do meu pai

Legal, legal, legal, legal, legal

6 Anos

Texto minha mulher, Stela, sobre nossa filha, Malu.

+++++++++++++++++++++++++++++

Existem várias fases marcantes para uma mãe no desenvolvimento dos filhos. Lembro quando a Malu fez 10 meses e começou a ficar mais independente, se locomover sozinha, fazer suas próprias escolhas. Fiquei um pouco chocada porque percebi que ela era, realmente, um ser à parte de mim. Senti como um segundo parto; minha filha de deslocando do meu espaço físico. Depois teve a fase dos 3 anos. Mais comunicativa, interagia, conversava, “trocava ideia”. Aos 5, com a formatura do pré-escolar, chorei pela primeira infância se acabando, e logo pensei que a minha princesa estava deixando uma das fases mais lindas da sua pequena vida.

A partir dali fiquei aguardando a chegada dos 7, quando, imaginei, outro grande salto aconteceria. Só que ontem, me vi tão apaixonada pelos 6 anos da Malu que fiquei surpresa e feliz em reconfirmar que, felizmente, cada nova fase na vida de uma criança nos traz ainda mais novidades. O rostinho dela está inegavelmente diferente. Não é mais tão redondinho, começa a perder as formas mais infantis. O corpo também já demonstra as primeiras mudanças.

Mas o mais evidente, são as mudanças de comportamento. Não sei bem o quê, mas em determinadas horas ela faz gestos, expressões, colocações que mostram que já está mais atenta ao mundo adulto. Mesmo que brinque, salte, pule feito uma macaquinha. Às vezes, olha para a irmã de 2 anos com aquele olhar de compreensão e admiração que só os mais velhos possuem. Não é uma atitude de compartilhar, de rir da mesma brincadeira, é de admirar e perceber o quanto a irmã dela está crescendo. No banho, ao comer, ao arrumar suas coisinhas. Já é um pequeno adulto em busca de seu espaço. E, surpreendentemente, me senti fascinada e feliz por estar feliz em ver minha filha crescendo. Diferente de tantas vezes em que desejei que ela fosse para sempre pequena e minha, fiquei a criar e imaginar como ela será no futuro. Quanto ela ainda me surpreenderá? Como será cada nova fase?

Adoro tê-la ainda em meus braços, mas vejo que cada vez mais meu colo fica pequeno. E assim, conforme ela cresce, vamos também aprendendo a trocar novas formas de carinho, a nos amar e perceber que nessa relação ainda somos jovens aprendizes.

Menino! Seis anos! Barato!

Chegamos com minha filha ao colégio. Na porta, minha mulher lembra: “Putz, hoje tem aniversário de um coleguinha! E o presente?”. Quem tem filho pequeno sabe que toda semana tem uma tarefa-surpresa para os pais: é um tema, uma demanda de materiais da papelaria, uma garrafa PET que nunca tem em casa, ou o aniversário de um coleguinha que você mal sabe quem é.

— Vai tu ou eu na Vanguardinha comprar um livro? — perguntei.
— Vai tu, que é mais objetivo.
— Com certeza, sou! — e saí em disparada.

Entrei na loja esbaforido e abordei a primeira vendedora que vi:
— Menino! Seis anos! Barato!

Acostumada, imagino, a pais em perigo constante, captou minha mensagem e de pronto respondeu:
— Aqui! Piadas! R$12!
— Vou levar!

Roubei e Matei

Foi no supermercado. Em minha última ida semanal. Como de costume, comprei uma caixa com 12 litros de leite; lacrada; pesada. Também levei outros 10 litros com 90% a menos de lactose, para as meninas. Esses, avulsos.

Como sempre, na hora do caixa, tiro um da embalagem, para não ter que colocar a dúzia inteira sobre o balcão, e digo à moça: “são doze”. Fiz o mesmo com a dezena dos outros: “e deste são dez”. Ela computou. Porém, incrédula, pediu: “posso olhar?”. “Hf! Claro.” Constatou a caixa violada por um e aprovou. Olhou para os avulsos e contou: “um, dois, três… dez; ok”. Imagina. Era a primeira vez que alguém desconfiava de mim no supermercado. Devia ser meu shorts vermelho surrado ou meu chinelo pós-trabalho. Também já estava na hora de cortar o cabelo, pensei. Por outro lado, fiquei aliviado — havia passado no teste. Imagina se eu tivesse contado errado; que vergonha seria.

Ao descarregar as compras para o porta-malas, pego a caixa de leite e sinto algo melado nas mãos. Era mais espesso que leite. Não era leite. Olho para o fundo gradeado do carrinho e lá estavam: dois croissants estrebuchados dentro do saco da padaria, como por um rolo compressor. O sangue vermelho-goiabada esguichava de seus corpos.

Roubei e matei dois turistas franceses em uma Quarta-feira de Cinzas.

Legado

Em 2006, a Água de Melissa (minha banda), concebeu, produziu e gravou um DVD ao vivo que só ficou pronto em 2007. O trabalho me exigiu muito, pois além de co-produzir, editei todos os vídeos das 13 faixas da Água de Melissa e das 11 da MD4 – banda que também fez parte do projeto duplo. Sem falar em todo o material extra e autoração do DVD. Foi nosso feito grandioso – para não dizer “pretensioso”. Resultou em um material muito bom, levando-se em consideração o custo quase-zero que teve.

Depois de mais de 3 anos sem rever, lembrei que existia e que a Malu, minha primeira filha, era muito pequena quando ficou pronto. Chegara a hora de mostrar pra ela, no alto dos seus 6. Malu gosta das nossas músicas, pede sempre para eu colocar o CD ou tocar no violão; sabe todas de cor. Liguei toda a “aparelhage” que tinha direito, aumentei o volume e tasquei. Óbvio que adorou. Não parou de dançar, cantar e fazer perguntas e comentar coisas como “cadê a Gabi?”, “tu tá mais bonito agora”, “que música é esta?”. E a Alice dançando junto.

Depois do show, vimos o material extra. Mas, aí, foi demais pra ela. Não teve paciência com o nosso falatório. Terá daqui a alguns anos. Mas me caiu uma ficha. Esse nosso projeto, em conjunto com os CDs e as músicas que componho, é parte de um legado. Eles dirão a minhas filhas muito sobre quem foi o pai delas, seus pensamentos, modo de ver a vida, suas expressões. Ali estão as letras de 13 canções, das quais em 11 fui autor ou co-autor, vertidas para o francês e inglês. Há comentários em áudio, junto com meus amigos, sobre o projeto, as músicas e nossas vidas. Há um making of muito divertido feito pela Gabi e um documentário sobre a banda e seus integrantes.

Lá estou eu, mostrando meus defeitos e qualidades, deixando-os registrados de uma forma sincera, bem-humorada e, espero, inspiracional para elas. Nunca penso nisso quando faço as coisas. E é por isso que estou escrevendo aqui, ao mesmo tempo que descubro essa mesma faceta deste blog.

O Underground em Mim

Pensando em passatempos para ensinar à Malu e seus primos, me lembrei do Jogo da Bizuca e de uma história da minha adolescência.

Há cerca de 20 anos, quando estava no segundo grau – hoje, ensino médio —, a turma resolveu fazer uma festa de arrecadação de fundos para uma viagem de final de ano. Para decidir qual seria o nome da festa, propostas foram apresentadas e a turma toda votou. Os dois finalistas foram “Som, Bar & Love” (inspirada no bordão, então em voga,  de um personagem da escolinha do Professor Raimundo: “somebody love” — ou seria “somebody to Love”?) e “Festa da Bizuca”. Este último, proposto por mim e nosso grupinho.

Bizuca é um dos nomes que se dá àquele jogo dos palitinhos, no qual cada participante tem três e casa, escondido em sua mão, a quantidade que desejar. Quem acertar a soma de todos os palitinhos dos competidores ganha e elimina um dos seus. Quando o palpite for zero, se grita “bizuca”. Quem ficar sem nenhum, ganha. A ideia da Festa da Bizuca era que os convidados ganhassem três palitinhos ao comprarem o ingresso e os levassem para a festa. Assim, poderiam fazer grupos de Bizuca. É claro que o mais importante não era o jogo acontecer, mas o conceito, curiosidade e comentários que a proposta diferente causaria. A divulgação ganharia maior poder devido ao boca-a-boca.

Óbvio que a vencedora foi “Som, Bar & Love”, muito mais popular. Todos a achavam supercriativa e se sentiam inteligentes por terem sacado o trocadilho. Hoje, avaliando o ímpeto publicitário da proposta “Festa da Bizuca”, vejo que, fazendo parte do grupo que a criara e defendera, eu já estava no meu caminho profissional. Porém, tenho que admitir que carregava uma certa dose de underground, coisa que até hoje não consigo me desvencilhar em tudo que faço. Vejo tudo que é pop demais como muito gratuito. O charme tem que existir sempre, mesmo que com isso, se perca um pouco de adesão. Prefiro a qualidade do que a quantidade.