Cascas de Feridas — Oficina do Carpinejar

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Neste fim de semana, participei da Oficina de Crônicas de Fabrício Carpinejar, em Pelotas. Foi muito bacana. O cara é fera e fez com que muitos de nós quebrássemos alguns paradigmas pessoais.

Abaixo, publico o exercício do primeiro dia. Tivemos 10 minutos para escrever sobre um de nossos defeitos. Após a última linha, coloco o final alternativo sugerido pelo “professor” e, sem dúvida, melhor que o meu.

Arranco todas as casquinhas. Sim, casquinhas. Daquelas de ferida. Não resisto. E olha que tenho muitas. Até as fabrico só para poder cavoucá-las. Minha matéria-prima preferida são picadas de mosquitos. Dão uma coceira enorme. E o melhor é que sou alérgico. Isso facilita o processo. Quando recentes, aproveito a unha mais saliente e faço uma fenda. Fica parecendo uma bundinha. Depois, faço outra e vira uma marca em xis. Mais um outro xis envesado e tenho um asterisco. Nossa, como é bom! Ela fica vermelha. E pulsa. Como pulsa, meu Deus! Quando alivia, começo tudo de novo. Dezenas de vezes.

Com esse processo metódico e paciente, toda picada de mosquito no meu corpo vira uma casquinha de ferida. Quando acontece, posso arrancar em ritual sádico. E sabe o que é melhor? Elas voltam! Sempre voltam!

Tenho uma grande cultura de casquinhas que mantêm sob controle meus instintos mais primitivos.”

Final alternativo:
Durmo de janela aberta.”

Non, non, non!

Meu sogro não é de Pelotas. Não conhece nada aqui. Está nos visitando por um mês. É um “italionon” de 82 anos e marca-passo. Após o almoço, pediu para deixar-lhe no Centro quando eu fosse trabalhar. Precisava ir à Caixa Federal da XV e cortar o cabelo. Depois, queria dar uma volta, caminhando sozinho, conhecer o lugar. Anotei o endereço do trabalho, os números dos telefones e dei para colocar no bolso. Pedi que mostrasse seu aparelho celular. Peguei, testei, aumentei o volume da campainha ao máximo e devolvi. Ao largá-lo na esquina do Aquário, indiquei: “a agência é pra lá”. Fui embora.

No meio da tarde, apareceu de volta com cabelo cortado e um livro novo do Augusto Cury — autor que gosta. Deu tudo certo.

À noite, depois de uma bela sopa, que ele mesmo fez, contou onde foi cortar o cabelo. Alguém indicou o Mercado Público sem saber que está em reforma. Foi até lá em vão, mas acabou encontrando o local provisório — aquele buraco fétido na quadra da Khautz pela Andrade.

— É… É um lugar meio feio, improvisado, escuro — falou. Mas cortaram meu cabelo.

Minha sogra, logo se manifestou:

— E se fosse um esconderijo de maconha?
— Ah! Pombas! A senhora sempre pensa o pior!

Quase engasgamos com a sopa.

Eu, De Fora de Mim

“Escuta a música que fiz com a tua letra. O que tu acha? Posso colocar no disco?”

Eu não lembrava de ter mandado aquilo para o Felipe (Mello, da Doidivanas). Muito menos de ter escrito. Fiquei confuso demais. Ainda mais se tratando de um dos compositores e cantores mais talentosos com quem tive o prazer de tocar e conviver. Forcei a memória por todos os lados. Enfiei um barbante por um ouvido e puxei pelo outro, pra ver se extraia alguma pista dos meus neurônios. Nada. Nenhum verso relampejava sinapse qualquer. Eu precisava ter uma única prova sequer que aquilo era meu.

“Felipe, tem certeza que esta letra é minha?”

Ele garantia. Pelo menos que havia enviado pra ele. Mas eu estava incrédulo. Afinal, todo mundo pode se enganar, trocar as bolas, fazer uma “felipada”. Tá certo, meu estilo meio fajuto de compor estava ali — palavras óbvias, rimas fáceis, toantes (ou assonânticas), construção reta. Mas isso não bastava. E o pior: “o que eu quis dizer com ela?”. Foi quando, um sopro de sanidade — uma microdescarga elétrica, das mesmas que mantêm um trauma vivo na cabeça — me fez lembrar de um caderno velho onde anotava coisas, versos, ideias em geral. Era um bem surrado da faculdade; reaproveitado. Bingo! Estava lá, com minha caligrafia. Ufa! Alívio! Afinal, o meu nome constaria nos créditos do CD e, definitivamente, não queria cometer injustiça com alguém.

Eu ainda precisava batizar a canção, mas não tinha entendido o contexto e a intenção que dei na época. Tranquilo, me pus a interpretar as figuras de linguagem dali. Pela primeira vez na vida, consegui ver algo meu de fora, isento, com os olhos de um terceiro. E gostei. Fiquei feliz. Estava direitinho, apesar de algumas liberdades poéticas que talvez não me permitisse hoje.

Esse olhar externo foi o que me fez escrever este post. Eu sempre quis ver um show da minha banda, mas estando sobre o palco tocando não era possível. Todo mundo que trabalha com criatividade, e com arte principalmente, carece de opinião. A melhor opinião, sem dúvida, seria a sua mesmo, se fosse possível se ausentar de si para um olhar imparcial.

“Dois Polos” foi como a chamei. Está lá, abrindo o disco “O Som da Paisagem” do trabalho solo de Felipe Mello, chamado “Aeroflip“, o qual também tive o privilégio de fazer o projeto gráfico. E, claro, o disco é ótimo, com destaque para “A Casa das Canções”, “Um Blues Depois de Mim” e “Quando o Coração É Um Violão Desafinado”.

Você pode comprar o CD pelo Facebook, solicitando ao Felipe aqui.

Me Sinto Estranho

Me sinto estranho parado em uma esquina; esperando por alguém. Não consigo deixar de imaginar que podem questionar o que faço ali; quais minhas intenções. Pego o telefone, finjo alguma consulta. Respiro fundo, demonstrando insatisfação com o atraso de alguém. Movimento-me do meio-fio à parede, inquieto. Afinal, parado, causaria muita desconfiança — não tenho más intenções.

E mudar de sentido enquanto caminho? Seja por um esquecimento de algo que precise voltar e buscar, seja por engano de trajetória mesmo, acabo levando a mão à cabeça pra simular um lapso qualquer. Afinal, quem em sã consciência não tem certeza para onde vai? O que vão pensar?

Também me sinto estranho almoçando sozinho em um restaurante. Não acho tristes pessoas que fazem, afinal é meio-dia e todos comem entre um turno e outro de trabalho. Mas, não sei por quê, deduzo que pensem isso de mim. Prefiro buscar comida a comer fora, mesmo que dê mais trabalho ou leve mais tempo. Na pior das hipóteses, nem almoço. Sentar sozinho, nem em lanchonete.

Por muito tempo também nutria ressalvas em andar com fones de ouvido. Quando adolescente, os walkmans (ou o plural seria “walkmen“?) reinavam, mas poucos os tinham. Não havia essa adesão ao escudo sócio-musical que esses dispositivos portáteis propiciam. Quem usava acabava chamando mais atenção do que se isolando. Deve vir daí meu bloqueio. Prefiro sempre a discrição. Talvez seja um dos motivos pelos quais hoje optei pelos in ear. Recentemente, comprei uns externos muito bons. Ainda estou tomando coragem para usá-los na rua. Me sinto ridículo. No mínimo, estranho.

Mas estranho mesmo, nesses casos, é me importar tanto com o que pensam de mim. Pois, para outros assuntos, na maioria das vezes, estou me lixando. O que você pensa disso?

Cuidado com Sua Companhia de Energia

Para aqueles que se encontram em situação parecida com a que estive até sexta-feira, compartilho a história.

No início de 2011, a CEEE esteve em minha casa e encontrou meu relógio com as bordas da tampa encobertas por cimento, o que impossibilitava abri-la. O fato era desconhecido por mim e foi realizado sem minha solicitação quando da construção da casa. Porém, sei que a responsabilidade é minha e, mediante solicitação da Companhia, na mesma hora, providenciei sua desobstrução. Poucas semanas após, a CEEE retorna a minha casa, retira o relógio, instala outro e deixa uma notificação para eu comparecer a sua sede. Lá, fizeram eu assinar um documento alegando ter ciência que o relógio estaria sob investigação técnica por “furto” de energia. Fiquei tranquilo, pois meu consumo é alto. Aliás, fiquei até feliz, achando que poderiam descobrir que o relógio poderia estar marcando, inclusive, a mais.

Chega, então, em minha casa, comunicado dizendo que eu devia à CEEE R$3.489,99. O montante se devia à multa e a uma conta maluca que eles fazem (amparados pela Lei). Pegam os 3 meses de maior consumo, dos 18 meses anteriores ao dia que julgam que houve violação e má-marcação do relógio, e aplicam a diferença sobre todos os meses seguintes. É mais ou menos isso — posso estar me equivocando no formato, mas é feito através de uma média desses 3 meses de maior consumo. Bom, na cidade onde moro, a diferença entre inverno e verão fica na casa dos 20, 25ºC. Dá pra imaginar o que acontece nos três meses onde a temperatura é mais baixa: estufas, ar-condicionados, máquina de secar roupa e torradeira ligados a mil. Isso sem contar que o período avaliado para fazer a média, foi quando eu ainda usava chuveiro elétrico. A troca por aquecedor à gás se deu após. Usei o argumento também que a análise técnica foi feita por especialistas ligados à empresa e que o lacre que falaram estar rompido, na verdade, segundo fotos feitas pela própria companhia, estavam apenas forçados, mas não rompidos.

Entrei, então, com processo administrativo na CEEE, mostrando a nota da compra do aquecedor, com data anterior ao primeiro inverno considerado de marcação errada, o que, obviamente, eliminou o chuveiro elétrico e reduziu o consumo drasticamente. Apresentei também outros argumentos, como que os meses avaliados foram os mais frios registrados no período (fiz pesquisa no site da Embrapa) e que a minha conta de energia após a troca do relógio foi reduzida — se comparada ao mesmo mês do ano anterior. Negaram.

Entrei com processo na AGERGS (a agência de energia do RS). Apresentei mais contas atualizadas, comprovando que o consumo caiu. Não adiantou.

Recorri à ANEEL, que acatou o parecer da AGERGS.

Entrei nas pequenas causas. Na primeira audiência, o representante da empresa não levou autorização para tal. A juíza deu um segundo prazo para apresentação que não foi cumprido. Porém, na segunda audiência, o documento foi aceito, mesmo fora do prazo. Uns dos documentos trazidos pela CEEE como “provas” (não entendi ainda por quê) eram todo o histórico daquele relógio que, se não me engano, já tinha mais de 30 anos. Eram os comprovantes de instalação em todos os locais pelos quais ele passou até chegar em minha casa. Minha advogada (minha irmã), com muita astúcia, percebeu que nos boletins de várias instalações anteriores, inclusive da minha, havia a inscrição “lacre ilegível”. Pra mim, este foi o argumento final. Afinal, como eles querem cobrar do cliente, uma responsabilidade sobre algo que eles mesmos não vinham controlando em toda a vida útil do aparelho?

A sentença saiu favorável a mim. A CEEE recorreu, mas acabei vencendo. O resultado final foi divulgado na sexta-feira passada.

O que pretendo com esta publicação? Alertar as pessoas que tomem cuidado com fiscalizações desse tipo; que “zelem” e se preocupem com os lacres e com o número de série do relógio que está em sua casa. Mais dia ou menos dia, a companhia manda um fiscal como o que foi na minha casa e você é injustamente culpado.

Isso sem falar que a CEEE me colocou no SPC com o processo em andamento, o que é proibido. Providência que ainda preciso tomar.

Uma Imagem que Não Vale Palavras

Aquilo que se fala, de que uma imagem vale por mil palavras, já deu desde muito pano-pra-maga até teses de mestrado — olhar uma imagem e receber uma quantidade enorme de informações em um mínimo espaço de tempo. Basta um piscar de olhos.

Para o lançamento do livro Terra, de Sebastião Salgado, foi realizada uma exposição itinerante pelo Brasil. Pelo menos, foi isso que defuzi na época (cerca de 1997) ao passar em frente ao extinto banco Bamerindus — aquele cuja poupança continuava numa boa.

Esquina da XV com Floriano, em Pelotas, eu com 22 anos. Creio que estava fazendo serviços de banco, quando avistei as grandes reproduções das imagens em preto e branco do livro. Estavam fixadas naqueles painéis metálicos de tela. Em passos largos, como de costume, avistei a menina na foto. Meu olhar congelou no dela, meu pescoço torcia para acompanhar. Ela não parava de me olhar. Baixei os óculos escuros na tentativa de provar a mim mesmo que não estava vendo direito. Mas estava. Aquela garota era linda, tinha olhos tão profundos que nem mesmo o laboratorista oficial de Salgado seria capaz de produzir. Beleza natural contrastada com bochechas sujas de terra, cabelo endurecido pelo pó e um não-sei-o-quê de dramaticidade. Um pouco mais de um piscar de olhos e dezenas de significados, contrastes e palavras escritas no filme do fotógrafo. Uma menina que, em qualquer outra situação social, seria um estereótipo de beleza cheio de oportunidades que nosso mundo materialista e preconceituoso é capaz de prover. Foram apenas cerca de 5 segundos e eu estava impactado pelo resto da vida.

Não parei. Fui pego desprevenido, derramando lágrimas no meio da rua. Segui a caminhada, subi os óculos, envergonhado, para esconder que meninos também choram. E choram mesmo, assim, sem querer, de uma hora pra outra, no meio da rua, em frente a um banco, caminhando rápido com documentos nas mãos.

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O que motivou este post foi esta notícia.

A menina chama-se Joceli. Hoje, tem 21 anos e, pasmém, não possui o livro de Sebastião Salgado, do qual era capa. Dar um exemplar do livro para o seu pai é um dos seus sonhos.

Knocking on The Hell’s Door

Desde os 15 anos tenho dores nas costas. São crises disparadas por um abaixar descuidado, uma mala mal carregada, essas coisas. Acontecia apenas uma vez por ano e não durava mais que dois dias. Só que há um mês, tive duas crises consecutivas, mais fortes e duradouras. Era preciso investigar. O médico ordenou uma ressonância e uma urotomografia (já que tenho pedras nos rins e, por muitos, a dor pode ser confundida).

“Urotomografia com contraste.” Esse nome estava me dando nos nervos. Imaginava por onde injetariam o contraste. Medo! Pesquisei superficialmente na Internet e não cheguei à conclusão tranquilizadora. Na hora marcada, veio o alívio: a injeção era com uma agulha monstro — mas no braço. Ufa!

Pra quem nunca fez, como eu, a tomografia é feita em uma máquina em forma de anel que passa pelo nosso corpo — ou melhor, pela qual nosso corpo passa — escaneando a região investigada. Ao contrário da ressonância magnética, que é um “túnel” claustrofóbico, com um ruído diabólico, que tentam aliviar com fones de ouvidos tocando uma música, com certeza, vinda do inferno.

Marquei os dois exames para o mesmo dia. Tomografia às 10h e ressonância às 17h30, em lugares diferentes. Em ambos, era necessário preencher uma ficha relatando alguns fatores de saúde, como alergias, doenças respiratórias etc. Na ressonância, pelo elevado magnetismo envolvido, questionaram até se eu já havia levado tiro — poderia haver algum fragmento metálico perdido dentro de mim. Na tomografia fazem você assinar um termo que fala das chances de problemas com o contraste injetado: 5% das pessoas têm algum tipo de reação alérgica indesejada; algumas delas precisam de tratamento para resolver; mas, o pior de tudo, uma em 70 mil morre! Avaliei que era como ser motoboy por um dia em São Paulo. A cidade tem 200 mil e três morrem por dia. É quase a mesma proporção. É uma chance boa.

Já à tarde, dentro da máquina, quando iniciou a ressonância, lembrei de um episódio de House. Um paciente foi submetido ao mesmo procedimento. Mas ele tinha algum objeto metálico na perna (acho), o que ocasionou um problema sério: o objeto foi arremessado para fora do corpo. Fechei os olhos para reduzir a sensação de ser enterrado vivo e comecei a vasculhar a memória em busca de algum fato esquecido de minha vida que pudesse me trazer um problema parecido. Adivinha. Não precisei ir longe. Lembrei da tomografia que fiz pela manhã e do contraste injetado. Sei lá que contraste era. Mas seja lá qual substância fosse, certamente, ainda estava correndo em minhas veias. Como tomografia também é um exame magnético, deduzi que o líquido injetado pudesse conter algum elemento metálico. Entrei em um pré-pânico! Não sabia se gritava para chamar alguém ou corria o risco. Meu corpo começou a esquentar. Meu olho coçava. Minhas pernas formigaram. Meu coração palpitava estranho. Senti o sangue correr nas veias do meu cérebro. A música do demônio tocava em meus ouvidos. O barulho do inferno estava ao fundo. O diabo batia à porta no ritmo do som da máquina: “tum, tum, tum, tum!”

Esperei a morte chegar.

Rachou

Contabilização da energia.

Sozinho em uma pizzaria, viajando a trabalho, compus a letra.
Anotei no celular.
Tentei musicar algumas vezes. Ficou ruim. Guardei.
Mandei para um amigo. Ele não fez.
Meses depois, publiquei no blog.
Meses depois, descobri o concurso do Leoni.
Mandei a notícia para uma amigo.
Li o regulamento algumas vezes.
Não gostei das regras do Concurso.
Achei-as falhas e incompletas.
Resolvi participar mesmo assim.
Baixei a música.
Ouvi umas 3 vezes.
Pensei em compor algo novo.
Questinei Leoni sobre o tipo de letra desejada.
Ele respondeu que só precisava ser boa.
Lembrei da letra já feita.
Resgatei.
Combinou.
Mudei versos de lugares.
Cantei.
Ajustei métrica.
Cantei.
Cortei dois versos.
Cantei.
Cantei.
Cantei.
Conectei cabos, microfone e arrumei a câmera.
Coloquei a letra no monitor.
Apaguei a luz.
Disparei a câmera, o player mp3 e o gravador do micro.
Errei.
Errei.
Errei.
Errei.
Errei.
Acertei.
Mixei o áudio.
Editei o vídeo.
Subi pro Youtube.
Inscrevi no site.
Aguardei instruções.
Escutei concorrentes.
Troquei ideia com amigos.
Questionei as regras do Concurso.
Mandei sugestões para um próximo.
Assisti 6 paredões.
Fui emparedado.
Postei no blog.
Fiz campanha no Facebook, no Twitter, no Instagram.
Fiz campanha no trabalho.
Enchi o saco de muita gente.
Consolidei minha imagem de chato.
Ajudei a aumentar o mind share do Leoni.
Vi muita gente não conseguir votar.
Ajudei.
Excomunguei o sistema.
Não forjei votos, não incentivei, desestimulei quem se ofereceu a fazer.
Tive ajuda de muita gente.
Me emocionei com a boa-vontade de pessoas, até de distantes.
Me decepcionei com o descaso de algumas pessoas próximas.
Comprometi um dia de trabalho.
Tive a compreensão de quem gosta de mim.
Consegui 113 votos.
Venci o paredão!
Fiquei entre os 38 semifinalistas!
Vi as regras mudarem.
Questionei.
Não polemizei.
Fui colocado na primeira das semifinais.
Postei no blog.
Fiz campanha no Facebook, no Twitter, no Instagram.
Fiz campanha durante trabalho.
Estive em terceiro.
Fiz artezinha 1.
Fiz artezinha 2.
Fiz artezinha 3.
Fiz texto abrindo o coração.
Fiz QR-code. Só a Raquel Recuero, a Cissa e a Carmen curtiram. Ninguém deve ter usado. Ehehehe
Fiz promoção com prêmio em cerveja.
Fui entrevistado.
Fui divulgado no jornal impresso. No jornal online.
Fui veiculado na RBS TV.
Enchi o saco de muita gente.
Tive centenas de compartilhamentos.
E dezenas de compartilhamentos de compartilhamentos.
Consolidei minha imagem de chato.
Ajudei a aumentar o mind share do Leoni.
Estimo um alcance de 50 mil pessoas.
Vi muita gente não conseguir votar.
Ajudei.
Excomunguei o sistema.
Não forjei votos, não incentivei, desestimulei quem se ofereceu a fazer.
Estive em quarto.
Tive ajuda de muita gente.
Me re-emocionei com a boa-vontade de outras pessoas, até de distantes.
Me re-decepcionei com o descaso de outras pessoas próximas.
Tive postagem odiosa anônima no blog.
E tive mágoa. Tive pena. Deixei pra lá.
Não desisti mesmo em quinto.
Comprometi dois dias de trabalho.
Tive a compreensão de quem gosta de mim.
Sabia que não dava mais.
Fiquei com raiva das regras do Concurso.
Pensei em comprar usuários de lan house.
Deixei pra lá de novo.
Fui pra quinto.
Segui lutando no fim de semana.
Não foi suficiente.
Tive 1.100 acessos ao blog.
164 curtiram o link do post.
Agora estou com 166 votos.
Presisaria de, no mínimo, outros 400 para tentar ficar em segundo.
Continuar só irá me fazer mais chato do que já estou.
Acabaram-se os amigos.
Mas a música continua.

Vou pensar em uma forma mais contundente de agradecer o voto de alguns e o empenho sobrenatural de outros.

Por enquanto, muito obrigado!

A Ocasião Faz o Ladrão

Após este tweet, se desenrolou outra história. A mulher do presunto estava à minha frente na fila do caixa. O presunto não era presunto, de fato, mas mortadela. Não por isso — eu adoro mortadela — mas por outros atributos físicos (que não são convenientes propagar), além da sujeira da criatura, meu DNA de preconceito acionou meu estado de alerta. Ela trazia no carrinho esse pacotão da fiambreria pesando cerca de 1kg, algumas latas de ervilhas e um sachet de molho de tomate. Perguntou à atendente quanto custava a mortadela, como se não houvesse etiqueta de preço. A moça respondeu: “dois e sessenta e oito.” “Barato! Foi por isso que ela comprou 1kg” — pensei — “Aproveitou a promoção”. Porém, registrou apenas os frios e pagou, deixando o carrinho com os demais produtos atrapalhando minha passagem. Pediu para que eu empurrasse-o para trás. Virginiano que sou, neguei. Além de ter uma fila considerável e o Nacional da Bento não esbanjar espaço físico, carrinho se passa para frente. Sugeri e ela atendeu. Foi nesse momento que a ocasião fez o ladrão.

Das demais coisas que sobraram, devolveu apenas o extrato de tomate, dizendo que não iria levar. Jogou a mortadela sobre as latas e saiu empurrando o carrinho como se nada tivesse acontecido. Fiquei puto. Denunciei, mas a atendente se fez de desentendida para evitar confronto direto com a “cliente”. Quando fingiu entender, deu-se o tempo suficiente para a mulher estar a dez passos de distância. Sem ter como justificar a conivência, a caixa meteu um olhar 43, semifechou um dos olhos, franziu a testa e disse ardilosa:

— Pode deixar. Ela volta!

Imagino que vá esperá-la com uma emboscada do nível da SWAT ou alguma vingança estilo Charles Bronson em Desejo de Matar.

Venci o Paredão

20120403-000236.jpgObrigado a todos que ajudaram. Impossível e injusto tentar citar todos. Teve quem só votou, quem não conseguiu mas divulgou, quem fez campanha, trocou ideia… Sem palavras. Não imaginei que eu conseguisse mais de 50 votos e tive 112. Mais do que 25% dos amigos do Facebook, onde fiz a base da divulgação.

Daqui pra frente será assim:
– ao todo serão 19 paredões, onde classificam-se os dois primeiros de cada;
– depois, serão dois com 19 em cada, e duração individual de uma semana, onde se classificam os 5 mais votados;
– os dez vão, aí sim, para o voto do júri.

Vou convocar todos novamente para a segunda fase!

Para quem não sabe o que estou falando é sobre o Concurso de Composição do Leoni (veja aqui e aqui).

Valeu!