SAC CICA

Olá SAC,

Há alguns dias atrás fui convidado para uma polenta recheada, à moda italiana, na casa de uns amigos. Fui incumbido de levar o extrato de tomate para o molho de frango. Aliás, diga-se de passagem, quase o ingrediente mais caro da receita. É claro que eu precisava cumprir minha tarefa com louvor. Aproveitei minha ida semanal ao supermercado e comprei 4 latas de Extrato de Tomate Elefante. Duas para minha despensa e 2 para levar (uma já bastaria, mas sou um cara prevenido).

ATENÇÃO: NESTE PONTO É QUE A HISTÓRIA COMEÇA A FICAR INTERESSANTE.

Já em casa, na cozinha, próximo de minha filha de 1 ano e 2 meses, que brincava no chão, coloquei as duas latas dentro de uma sacola plástica para levá-las até a casa de meus amigos, onde aconteceria tal feito italo-gastronômico. Na hora de pegar a sacola de cima do balcão e partir rumo a meu destino, por total falta de atenção minha, segurei a sacola de modo inadequado. Uma das latas caiu no chão. Mas minha surpresa foi quando ela explodiu, expulsando poderosamente sua tampa e espalhando extrato de tomate por toda a minha cozinha branca, inclusive no rosto da minha filha que, obviamente, se assustou. Nem o teto foi poupado. Imediatamente, pensei: “evitar ao máximo que uma lata de extrato de tomate caia no chão”. Resolvi analisar o conteúdo que ainda restava na embalagem e percebi uma camada de mofo verde esbranquiçado junto ao vermelho do produto. O que aconteceria se eu não tivesse deixado a lata cair e tivesse despejado o extrato no meu molho? Sem dúvida o resultado seria bem pior do que as manchas vermelhas nas paredes e o susto da minha filha.
Resta dizer que a data de validade do produto estava adequada, da mesma forma que as demais latas que comprei junto e que, até agora, não apresentaram problemas similares.

Gostaria de saber o que aconteceu.

Obrigado

No fio da navalha

Há alguns anos atrás, a Stela me convenceu a cortar o cabelo no mesmo “salão” que ela. Desde os 13 anos de idade eu cortava com o Ari, no Salão Pará. O Salão Pará, na época que eu frequentava, ficava na Sete, a poucos metros do Aquário. Depois, passou por algum outro lugar que eu não me lembro, até estabelecer ponto na Osório, entre Neto e alguma coisa. O fato é que o Ari era um facão. Meu cabelo é horrível e o corte dele atrapalhava mais ainda. Além disso, nunca tínhamos assunto. O papo lá dentro era sempre futebol e eu não sou chegado na bola. Uma vez tentei puxar assunto sobre Fórmula 1 e obtive somente um evasivo “ah, é” como resposta. Fórumla 1 não deveria ser um tema muito macho para um salão de barbeiros, sei lá. Apesar que a porta do Pará sempre exibia em letras até bastante floreadas o tradicional dizer “unissex”. Nunca vi uma mulher lá dentro, a não ser para fazer as unhas dos senhores – senhores da época em que nem se ouvia falar em metrosexuais. Hoje, eles nem devem mais ter esse cuidado manicurístico com medo de serem enquadrados em tal denominação de masculinidade tão pouco incisiva. Mas no Pará eu nem marcava hora; só chagava. Se o Ari não pudesse me atender eu dava uma volta no centro, ia na Studio CDs e pronto. Logo ele já estava livre. Já no novo hair-design-fashion-studio é preciso marcar hora, mesmo que você acabe esperando um tempão. Mas não sou eu que ligo pra agendar – imagina um cara macho como eu ligando para marcar hora num lugar assim. Quem marca sempre é a Stela ou a secretária da agência, a Elisa. Afinal, isso não é tarefa pra homem. O estranho é que no meu novo salão eu tenho assunto de sobra com o cabeleireiro, seja sobre minha filha, propaganda, filmes, xampus, etc. A bicha tem um bom papo e, desde quenão esteja dando em cima de mim, estou totalmente satisfeito. Mas o melhor do salão é quando uma loirinha peituda lava o meu cabelo. As vantagens são grandes.

Neste momento, estou eu, aqui, num salão fashion, com a cabeça molhada, toalha no pescoço, esperando ser atendido pelo hair designer de preferência de minha esposa, aproveitando para escrever este post no meu celular. O meu sonho de consumo é que a Stela faça um cursinho de tesoura e corte o meu cabelo no banheiro, eu sentado no vaso, nu, na minha própria casa, como minha mãe faz com o pai até hoje. Neste caso, colocarei a foto de uma loira peituda na porta do banheiro, só para incrementar o marketing de relacionamento.

Rolling Stones

Meu sogro tem 75 anos e está na minha casa:

– 1 milhão de pessoas? Tem que ser muito boa a música deles.

Minha resposta ao Seu Nesello foi a de que as pessoas não vão lá para ouvir boa música. Eles são a segunda banda mais importante depois dos Beatles, só que os Beatles não só acabaram como morreram. Não há mais possbilidades nem de uma última turnê mundial. Então, sobra os Rolling Stones – uma banda que toca junto há 40 anos e não pretende parar nos próximos 20. Quem foi ao show o fez (1) porque era de graça, (2) porque gosta de uma festa ou (3) porque tinha alguma teoria sobre aglomerações, multidões, e precisava fazer alguma experiência nesse sentido. Garanto que 95% de quem estava ali não sabe cantar mais de um verso de qualquer música deles – “Satisfaction, and I die, and die…” Sim, eu vi cantarem isso. Fã mesmo, talvez vá ao show em Buenos Aires, muito mais tranqüilo e com maiores possibilidades de se aproveitar o evento.

O fato é que Rolling Stones é um pé no saco. Pelo menos os “clássicos” que eles têm que tocar nesse tipo de show. Eu fiquei vendo e gravando até o final. Que sono! Mick Jagger tá em boa forma e canta legal. Os guitarristas parecem nunca terem ensaiado juntos. Eles sabem que a música que irão tocar é rock’n’roll e mandam brasa. Ninguém combinou nada com ninguém. Outra constatação é sobre a forma física dos músicos. Os únicos bem na foto são os próprios Rolling Stones, o resto são uns tios gordos. Serão as drogas, o cigarro, o whisky?

Meu sogro quer aprender a tocar violão.

Como fazer um bife

foto meramente ilustrativa

Eu sei como fazer um bom bife. Minha mãe sempre me dizia mas eu nunca fiz do jeito que ela falava. Resolvi experimentar. É fato que se a carne não for boa, não há técnica que dê jeito. Só testei com entrecot e picanha.

Faça assim.
Pegue uma frigideira anti-aderente, grande, e coloque-a no fogo alto. Despeje um fio de azeite. Talvez dois. Talvez três. Corte a carne em uma fatia de um centímetro (pode ser mais, mas aí não se chamaria bife). Tempere com sal e pimenta. Jogue-a na frigideira quente. Nunca coloque mais de um bife em uma frigideira média ou dois em uma grande, senão a água que solta acaba por cozinhã-los e não fritá-los. Não é isso que você quer. Nunca use um recipiente pequeno. Quando ele ficar douradinho do lado de baixo, vire-o, baixe o fogo e tampe a panela. É muito importante que o bife não passe do ponto. Tempo demais elimina todo o suco e deixa ele duro. O ideal é que o centro fique levemente vermelho. Mas isso você só vai descobrir depois de cortar. Pratique. Antes de servir, esfregue ele na frigideira, de modo com que as cracas que sobraram no fundo colem em sua superfície. Nunca presione a carne para que ela não elimine líquidos. A partir da segunda leva eles tendem a ficar mais gostosos porque a craca da frigideira vai aumentando. Fica extremamente macio e saboroso.

Nuca faça isso:
– bater o bife (não sei de onde surgiu esta idéia);
– encher a frigideira de óleo;
– fritar com fogo baixo todo o tempo;
– usar a tampa todo o tempo;
– não comer o bife.

Tente você e coloque aqui suas impressões.

Not The Same

Acabei de comprar um DVD sensacional. Ben Folds com a Western Australian Symphony Orchestra, ao vivo nesse país.

Esta música é do CD primeiro CD solo dele, “Rockin’ the Suburbs”.

Not the Same
(Ben Folds)

You took a trip and climbed a tree
At Robert Sledge’s party
And there you stayed ‘till morning came
And you were not the same after that

You gave your life to Jesus Christ
And after all your friends went home
You came down, you looked around
And you were not the same after that

You were not the same after that

You see ‘em drop like flies from the bright sunny skies
They come knocking at your door with this look in their eyes
You’ve got one good trick and you’re hanging on you’re hanging on…
To it

You took the word and made it heard
And eased the people’s pain and for that
You were idolised, immortalised
And you were not the same after that

Walking tall, you’d bought it all
And you were not the same after that
Till someone died on the waterslide
And you were not the same after that

You see ‘em drop like flies from the bright sunny skies
They come knocking at your door with this look in their eyes
You’ve got one good trick and you’re hanging on you’re hanging on to it

(YOU WERE NOT THE SAME!)

You see ‘em drop like flies from the bright sunny skies
They come knocking at your door with this look in their eyes
You’ve got one good trick and you’re hanging on you’re hanging on:

You’re hanging on…
You’re hanging on…

Dois Filhos

Mais faísca atrasada impossível. Só agora vi o aclamado, unânime e mais recente megasucesso do cinema nacional.

A saga da família Camargo não obteve nenhuma crítica desfavorável (que eu tenha lido), mesmo dos mais ácidos jornalistas. A Globo promoveu uma verdadeira campanha publicitário-jornalística, com segundas intenções ainda não muito claras pra mim. O fato é que com tanta gente falando bem é impossível assistir a “fita” com isenção no olhar. Minha cabeça era uma mistura de grande expectativa com rejeição pré-concebida, devido à grande exposição midianesca (adoro inventar palavras). As entrevistas que acompanhei narravam praticamente toda a história, inclusive sugerindo sensações para os mais diversos momentos. É claro que emoções agendadas não fazem parte do meu rol de sensações. Ou seja, a hora em que morre o irmão e o final de sucesso não me tocaram como sugerido. Minhas partes marcantes ficaram por conta de quando Luciano aparece em frente ao espelho, já crescido – como se estivesse ali para preencher uma lacuna deixada e dar prosseguimento ao sucesso que estava latente – e com relação à chamada música brega.

A popularidade desse e de diversos outros estilos me fez questionar com que direito eu e pseudodonos da arte e da “cultura” deste país temos a audácia de levantar a voz contra estilos musicais que, dentro de sua simplicidade, trazem a verdadeira alma do povo (do real povo) brasileiro.  Estou falando de letras que narram exatamente a vida, as sensações e os sentimentos de pessoas que existem e que realmente vivem ou viveram aquilo que é cantado intensamente, dentro de sua humilde e respeitável simplicidade.

Me contradizendo, do alto de minha arrogância “cultural”, mesmo sem conhecer os demais filmes que têm chances de serem indicados ao Oscar, aposto que 2 Filhos de Francisco não será. Não é pra tanto. Não é tudo o que falaram. A não ser que a Globo tenha mais poder do que suponho.

Coisas que não existem

Algumas coisas são tão básicas, mas só nos damos conta que elas não existem, quando desejamos encontrá-las ou comprá-las. Aqui vai a minha lista que seria essencial para mim se existisse:
– sorvete de laranja;
– lençóis de uma só cor (escuras, então, nem se fala);
publicação Vocabulário Ortográfico Oficial da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras; (consegui comprar um)
– controle remoto adicional para alarme de carro;
– chaveiro com bolso plástico para controle remoto do alarme do carro (afinal, como você faz se ele quebrar e não prender mais no molho? Troca de alarme ou de carro?)
– engate onde se prende o cinto de segurança ao utilizá-lo (os do meu carro desbotaram e parecem de taxista);
– controle remoto universal que funcione por mais de 2 anos ou que não se desprograme;
– colchão de molas que não se deforme depois de passado o prazo de garantia;
– vendedor que saiba mais do que você sobre o produto que você procura e que ele vende (tá, até existe, mas é raríssimo);
– pedreiro que não destrua duas coisas ao consertar uma.

Carregue esta cruz

Pelotas não merece. O pelotense merece. Um lugar lotado, desde às 7:30 da noite, todos os dias. Atendimento péssimo. O garçom não tem a mínima idéia do que é servido; não consegue dizer nem quantas pessoas comem com um só prato, muito menos qual o recheio do “filet migon suíno”. Descobrimos depois que os grelhados são vendidos por peso. Só podia: um misto de restaurante por quilo e barzinho. Pelotas não merece. O pelotense merece. O barulho e a algazarra são algo de absurdo; ensurdecedores. Tenha um dia de trabalho estressante e vá ter uma “bad hour” (ou duas) na nova Choperia Cruz de Malta. É capaz de você ter um ataque cardíaco. O projeto arquitetônico simplesmente não considerou a acústica, tornando o espaço propício para se não-ficar. A Stela disse: “só tem um lugar que eu já fui que é pior do que este.” Qual? “O Paraguai!”

Pelotas não merece. O pelotense merece. O ar-condicionado não dá vencimento, ainda mais com as janelas abertas e os motores dos ventiladores ligados esquentando o ambiente. Pedimos um entrecot. Estava passado demais; duro. Uma pontinha estava no ponto; macia – prova de que o problema foi o preparo e não a qualidade da carne. O “garção”, que demonstrava total inapitidão e falta de vontade de estar lá trabalhando, esqueceu de dizer que o tal porco recheado levava muito tempo. Levou o dobro. Com tantas iniciativas de qualidade que não conseguem se manter na cidade por falta de público, a Choperia Cruz de Malta é a prova viva de que o pelotense é um povinho ingrato, burro e decadente.

Ah! Se salvam o chope e o croquete.

Continuando

Sim, eu uso porto-e-vírgula, hífen e iniciais maiúsculas.
Sim, eu separo meus apostos com vírgulas.
Sim, eu tento escrever corretamente.
Sim, eu coloco o meu leite com Toddy por 1,5 minutos no microondas enquanto preparo meu sanduíche, todos os dias.
Sim, eu congelo o meu pão para não precisar comprar todos os dias e descongelo no microondas, depois de preparar o tal sanduíche.
Sim, eu tenho que tomar café vendo o Bom Dia Rio Grande/Brasil.
Sim, tenho que ter um leite fechado na geladeira e o outro em uso, para smpre ter leite gelado em quantidade suficiente.
Sim, eu guardo sempre os produtos mais novos atrás dos mais velhos para serem usado por último.
Sim, eu fervo a água do macarrão em dois recipientes (em duas bocas) para ferver mais rápido, enquanto faço o molho.
Sim, meu macarrão fica pronto em 20 minutos e não é Nissin.
Sim, eu baixo o fogo depois que estiver fervendo, pois a água não passa de 100ºC em estado líquido.
Sim, eu gosto de discutir sobre essas coisas.
Sim, eu gosto de aprender coisas novas, apesar de minha memória ser péssima.
Sim, minha tolerância é baixa.
Sim, eu morrerei de ataque cardíaco.

Virgem

Sim, eu molho a escova de dentes antes de colocar pasta e depois.
Sim, eu espremo o tubo até o final, mas ele nunca acaba. É como o buraco-negro só que ao contrário.
Sim, eu odeio sabonetes que te deixam melado, como o Dove. Gosto do Phebo que resseca.
Sim, coloco xampu na cabeça e deixo ela ensaboada enquanto lavo o resto do corpo. E faço isso de cima para baixo.
Sim, eu me visto dentro do banheiro a não ser quando tenho que pôr terno.
Sim, eu tenho que cadastrar muitos atores na ficha de um filme da locadora, pois alguém pode ser fã de um desconhecido e não encontrá-lo ao fazer a busca.
Sim, eu coloco as compras na esteira do supermercado separando os itens por limpeza, gelados e geral, para não se misturarem nas sacolas.
Sim, eu faço questão de ajudar a empacotar para não perder tempo.
Sim, eu presto atenção para que quando o caixa estiver quase acabando, eu tenha o meu cartão de crédito em mãos, pronto para entregar e dizer “crédito”.
Sim, eu faço tudo isso sempre. E muito mais.
Sim, eu sou um paranóico virginiano.

Apesar de, até então, eu não acreditar nem um pouco em horóscopo, um dia fiquei com-a-pulga-atrás-da-orelha quando li as caracaterísticas do meu signo em um livro da Zero Hora. Cheguei a ficar com vergonha que as outras pessoas pudessem ler aquilo e descobrir tudo sobre mim. Era eu, tal e qual. Todo mundo diz que o virginiano é organizado, mas descobri, em outra ocasião, que isso é um engano. Não se trata de organização, se trata de pavor de desperdícios. Seja desperdício de tempo, de dinheiro, de espaço, de comida, de qualquer coisa. Por exemplo, a minha mesa no trabalho é extremamente mal organizada, mas me peça para eu arrumar um porta-malas de carro – você poderia jurar que aquilo não iria caber. Me peça para gravar músicas em um CD – eu vou fazer questão de escolher a última música com o tempo exato para encher completamente o disco. Me peça para eu colocar algo em ordem alfabética (isso se enquadra no quisito “desperdício de tempo” ao procurar depois). E eu me divirto; pior que eu me divirto. O problema é que, como sou tão paranóico, acabo tendo pouca tolerância com quem não pensa assim.

Sim, esse sou eu.