Restaurantes de Pelotas — Vezúvio

Vou fazer alguns posts sobre situações engraçadas e caóticas que já passei nos restaurantes da cidade. Muitas delas, são o principal atrativo do estabelecimento. É o caso de Seu Giuseppe e do Vezúvio.

Junto com o Bavária, o Vezúvio talvez seja o mais antigo de Pelotas. Conta a lenda que já passou por uns três endereços. Cada vez mais vem aperfeiçoando seu espaço e tentando fazer o mesmo com seu serviço. Trata-se de uma cantina mantida por família italiana — sem querer ofender — no melhor estilo porcachon. Seu Giuseppe, o patriarca italianon, é gerente, garçom e responsável por toda a personalidade da casa, além de autor das melhores passagens. Dizem que é sua mulher quem cozinha. “Dizem”, porque nunca a vi. Seu filho, com cerca de 50 anos, fica no caixa.

A primeira vez que fui, já no endereço atual, mas antes das reformas, há uns 12 anos, era bem roots: um corredor com as mesas enfileiradas, com bancos em estilo “galpão”. Fomos em cinco, tomando cerveja e a conta não passou de 3,50 por cabeça. Inacreditável. O pior é que os raviólis fritos de queijo surpreenderam muito pela qualidade. Virei fã.

À medida que os anos foram passando, o lugar começou a virar cult, as porções foram reduzindo, os preços aumentando e as reformas acontecendo. Até cartão de crédito aceitam agora, o que pra mim é o primeiro sinal de que a autenticidade do local estava indo água abaixo — ou molho sugo abaixo.

A impressão quando se senta é estranha. Porta-guardanapos com o desenho de um vulcão (o Vesúvio) de gosto duvidoso e quadros feitos com jogos-americanos daqueles plásticos comprovam que nem toda originalidade está perdida. Um aviso no cardápio, logo abaixo da seção de carnes, onde se acha o famoso Filé à Parmegiana, alerta: “nossos filés são coxão-mole”. Obrigado pela sinceridade, mas tenho grande curiosidade em saber com que carne é preparado outro item do cardápio chamado Bife à Parmegiana. Seria com fígado, frango, mortadela, carne de soja?

Não pense em deixar comida sobrando. Ao recolher os pratos, Seu Giuseppe reclama: “Má quê? Non gostou? Tem que comer tuto!”. Apesar de ser um restaurante italiano (ou de italianos), não ouse pedir pizza. Trata-se de uma massa, aparentemente daquelas prontas de supermercado, com um molho tão aguado, mas tão aguado, que precisa ser servida ainda na forma para que não escorra.

Em certa ocasião, pedi uma Coca-cola. Veio sem gás. Chamei Seu Giuseppe e avisei. Ele disse “Má quê? Tu viu que eu abri na tua frente! Eles non von me trocar isso!”. Instintivamente, colocou o polegar sobre a boca da garrafa e sacudiu freneticamente com a intenção de provar que ainda tinha gás. Meia dúzia de bolhas desentusiasmadas formaram-se. “Viu como tá boa?”, disse. Falei que eu preferia outra e que não me importava se seria ou não cobrada. Ele saiu resmungando e trouxe outra fechada. Tirou o abridor do bolso vagarosamente, franzindo os olhos como quem diz “Olha só. Tá fechada. Vou abrir”. Tirou a tampinha, serviu e esperou ansioso meu veredito, como o ritual que se usa fazer com vinho. Levei à boca, fiz bochecho, enrolei a língua, sorvi, degluti e esperei o retrogosto. A mesa aguardava curiosa. Valorizei. Fiz suspense. Finalmente, proferi o resultado: “tá boa, pode servir”. Seu Giuseppe fez um gesto de yes e voltou para sua posição de stand-by ao lado do balcão. Na real, estava sem gás de novo, mas menti para não criar caso.

É por coisas como essas que o Vezúvio está na minha lista dos melhores restaurantes ruins de Pelotas. Adoro!

Cacao

Meus pais trouxeram de viagem, pra mim, uma encomenda. Eu queria um bom chocolate em pó, com alto índice de cacau. Eles me trouxeram um do Fauchon. Não poderia ser mais chique. O anta aqui, acostumado a entupir o copo de leite com Toddy, foi provar a novidade. Tá lá. Tasquei 3 colheres de sobremesa de cacau em uma xícara de leite. Não é preciso dizer que nem dissolveu. Ficou boiando e não adiantava nem bater. A embalagem diz que eu devo colocar de 2 a 3 vezes a quantidade de cacau em açúcar. Imagina. Seriam de 6 a 9 colheres de sobremesa de puro doce. Bom, dividi em duas xícaras e coloquei mais leite – contando que minha mulher me auxiliasse na degustação – mas coloquei açúcar na proporção de, apenas, 1×1. Ficou então 1 colher e meia de cacau para cada porção. Mais razoável. Só que a minha mulher não tomou. Já era dez da noite e ela estava dormindo. Tomei uma xícara (gostosíssima – puro deleite) e, como sou virginiano e não posso ver desperdício, tomei a outra. Não deu 10 minutos e minha barriga entrou em processo de convulsão. Muito barulho. Muita cólica. Fui correndo pro banheiro. Nunca vi um resultado tão rápido. Prometi a mim mesmo que na próxima vez, uma colher apenas basta. Mas o troço é realmente bom. Parece uma barra de chocolate dos MUITO bons derretida. Muito melhor!

Torrada de Pão Congelado

Não vou à padaria todo dia. Compro cacetinho (pão francês, para os estrangeiros) uma vez por semana e congelo. Vinte segundos no micro-ondas são suficientes para que esteja apto a ser consumido. Claro que fica pior do que novinho, mas fica bem mais interessante do que pão dormido. E, definitivamente, me recuso a sair de casa de manhã cedo para entrar na “fila do pão”.

Pois não é que, além do processo tradicional, que já contei neste blog, de fazer meu sanduíche matinal, encontrei outro ainda mais gostoso? Chamo de Técnica Beta. Seguinte: corte o pão congelado ao meio (como na Técnica Alfa) e coloque os ingredientes dentro; enquanto isso é feito, a torradeira (ou sanduicheira, para os estrangeiros) está esquentando; depois do recheio pronto, coloque para prensar; é necessário muito jeito e alguma força para conseguir fechar o trinco que junta as chapas, pois a dureza do pão congelado dificulta; após, desligue o aparelho da tomada (isso vai depender do modelo da sua), para que termine o serviço apenas com o calor já adquirido; vá preparar o seu leite com Toddy; em poucos minutos a torrada estará pronta, com a casquinha crocante e o recheio quente mas macio.

O que acontece é que a temperatura baixa do pão impede que o calor da chapa chegue com tanta violência ao centro do cacetinho. É perfeito. Testei também com manteiga e mel e é dos deuses. O mix derretido desses ingredientes junto ao miolo quente me dá vontade de só comer isso pelo resto da vida. Experimente.

Adoro Croissant

Vou quase nunca ao McDonald’s, mas ao McCafé faço questão, sempre que vejo um pela frente. O brownie é sensacional e sempre experimento um café diferente. Adoro os com sorvete. Semana passada fui de novo. O que mais me incomoda nos macs da vida é que sempre tem alguém em treinamento e, portanto, atendendo (ainda) mal. Não foi diferente. Peguei uma novata no caixa:

— Boa tarde. Um Moca Mix e um cookie de chocolate, por favor.
— Um minuto — Ela vira pro lado, fala com alguém e se distrai. Me questiona o que eu quero, de novo.
— Desculpe, o que seria mesmo?
— Um Moca Mix e um cookie de chocolate.
— Uma Coca?
— Não. Um MOCA Mix e um COOKIE de chocolate.

Ela pede ajuda para alguém porque não sabe marcar o Moca Mix no teclado. São aqueles caixas que tem um botão para cada item, imagino. Ou pior, que para formar um Moca Mix tu tem que apertar o botão da Coca com o do M&Ms. Vai saber…

— Só o Moca Mix?
— Não. Um Moca Mix e um COOKIE DE CHOCOLATE!
— Ah, tá.

Vou para a mesa esperar. Adivinha o que eu recebo? Um Moca Mix e um… croissant. Aliás, bom também o croissant. :)

Restaurantes de Pelotas – Lobão

A Churrascaria Lobão é uma instituição em Pelotas. Cada vez que vou lá, fico maravilhado com a qualidade do serviço e da comida. É claro que fica difícil exigir esse altíssimo nível de atendimento quando o estabelecimento está superlotado, em ocasiões como o Dia das Mães. Mas, mesmo assim, eles conseguem se sair muito acima da média. Mesmo com a casa cheia, eles são perfeitos. Acho que a fórmula do sucesso do Lobão está no conhecimento do negócio (restaurante é para profissional) e no domínio completo de tudo que se propõe a oferecer. Determinaram que a casa seria simples e a comida também e, por isso conseguem se superar. O buffet de saladas é o melhor da cidade. Até os pratos quentes – incluindo o strogonoff (que normalmente seria um prato suspeito em uma churrascaria) é feito com carinho e sinceridade. O Lobão não tenta ser o que não é; ele consegue ser melhor do que parece ser; surpreender sempre. Assim, é possível ter o controle perfeito de tudo que oferece. O contrário disso é o pior deslize que um restaurante pode cometer – tentar ser elitista, metido à besta e, no máximo, conseguir ser falso. Alguns restaurantes incorrem nesse erro que pode destruir com todos os demais méritos que eles possam ter. Pra mim, o único problema do Lobão é a alta velocidade em que, às vezes, as carnes são oferecidas. Se o papo na sua mesa engrena, as interrupções que o serviço farto causa chega a atrapalhar um pouco. Acho que aquele sistema de verde-e-vermelho, comum em rodízios em todo o País, poderia ser bastante útil. Mas eles devem ter algum motivo que desconheço para não utilizá-lo. Apesar dos quadros na parede (para venda) serem a síntese do mau-gosto, é tradição no local e devem ser encarados como a expressão da simplicidade da casa. Aliás, quem seleciona aquilo? :)

Longa vida ao Lobão.

Divide a pizza em 12 que estou com fome

Casal A esperou 45 minutos pelo casal B em uma pizzaria (40 minutos após a hora combinada). Casal A já está acostumado com atrasos do casal B.

Como se nada tivesse acontecido, macho do casal A, educadamente, oferece o cardápio para que o casal B escolha o sabor da pizza. Fêmea do casal B, decidida, mesmo antes de consultar o menu, manifesta preferência pelo sabor Tomates Secos com Rúcula. Casal A concorda prontamente e estão prontos para fazer o pedido. Macho do casal B pergunta: “Tá, mas só um sabor? Quantos sabores dá pra pedir na pizza grande? Não são três? Não querem escolher outro? Escolham outro aí, vai!”. O macho do casal A diz que não; que concorda com o pedido da fêmea do outro casal. Macho do casal B insiste: “Mas eles fazem com três, vamos aproveitar!” Macho do casal A aconselha que ele, então, escolha um segundo sabor, mas percebe que ele não sabe o que quer; pensa, pensa e, mesmo sem desejar realmente outro sabor específico, define um queijo com alguma coisa. Ainda resmunga que dá para escolher um terceiro sabor, mas o macho do casal A apressa-se a chamar o garçom para acabar com o dilema de uma vez por todas e, tomando dianteira, ordena ao atendente: “Faz dois terços com ‘tomate seco’ e um terço com ‘queijo com alguma coisa’. O macho do casal B interrompe: “Não, faz meio a meio”.

São três pessoas que estão definidas que querem de tomate seco e nenhuma que quer o queijo com alguma coisa. Macho do casal A exalta-se, comportado e sorridente, e diz: “A parte que me cabe eu quero de tomate secos com rúcula”. Mas o macho do casal B não entende a ironia e interfere: “Não, traz meio a meio”.

O cara que inventou que uma só pizza poderia conter várias nunca imaginou que as pessoas se obrigariam a escolher mais de um sabor mesmo sem ter vontade. Tem quem peça tanto sabor na mesma pizza que fica gente na mesa sem conseguir comer mais que um. Vai entender.

Lig, lig, lig para o Burger

Comi 3 vezes do/no Lig Burger, – pra quem não sabe – o novo estabelecimento de lanches da cidade. Já provei um bauru de picanha, um hamburger duplo e um hamburger de provolone. Os dois primeiros, comprei para comer em casa. É ruim comer frio. Não faço mais. Mas deu pra perceber que o lance deles é, realmente, o hamburger, como o nome diz. Na minha opinião, nem deverim ter bauru. Não que seja ruim, mas o Circulus é melhor e mais “limpo”. ** Chamo de “limpo” o lanche que é sequinho, com pouca gordura; quando os ingredientes podem ser percebidos individualmente e não aquele molho gordo e homogêneo com um gosto só, encontrado em outros “trailers”. **

Já o hamburger deles é muito bom, feito com carne boa, apesar de eu achar que deveria ser mais temperado. Geralmente os restaurantes não gostam de temperar bem os pratos para não desagradar clientes mais sensíveis. Eu sou totalmente contra essa falta de personalidade – quando, realmente, é falta de personalidade. O ambiente é muito bonito e agradável, apesar de não ter muito a ver com “lanche”. Talvez a proposta tenha sido esta mesmo – fazer algo mais sofisticado para mostrar que lanche não precisa ser feio e coisa-de-guri-sem-dinheiro.

Os pedidos vêm em pratos quadrados, com apresentação excelente. Como todo restaurante que abre, ainda pecam em alguns quesitos de atendimento, como confusão em anotar o pedido, em entregar os pedidos… Mas isso aprimoram com o tempo. Quando fui lá pela segunda vez, para levar para casa, deixaram o meu pedido esfriando por 5 minutos em cima do balcão e só me entregaram porque eu desconfiei e perguntei. Depois, a garçonete não sabia se eu tinha pago ou não, mesmo eu mostrando o cupom. Quando cheguei em casa, não tinham colocado a batata frita que eu pedi e paguei. Só resolvi escrever este post depois que fui, pela terceira vez, para comer lá.

Fiquei impressionado com o investimento e com a quantidade de gente que trabalha ali. São 4 somente preparando os lanches; o dono e a dona (parece) que ficam no caixa e gerenciando; 3 garçonetes e, na cozinha, devia ter mais um ou 2. Ou seja, 11 pessoas para servir, sei lá, uns 30 lugares. Espero que tenham calculado corretamente os custos e que durem por muito tempo.

De modo geral, é uma ótima iniciativa, de grande qualidade que ainda precisa ser melhorada como todo novo negócio. Ao meu gosto, já saiu na frente do McDonald’s disparado. Acho até que a comparação é, no mínimo, grosseira.

Sum-Sum

Meu sogro gosta de comida chinesa e o mais próximo que temos disso, aqui em Pelotas, é o Shangay. O que importa é que, mesmo no Shangay, ele adora. Então, tá feito. Almoçamos lá (deixo meus comentários gastronômicos para outra hora) e depois fomos tomar sorvete na Zum-Zum. Na hora de ir embora, minha sogra, vendo o letreiro, perguntou para o marido:

– ‘Ma’ por que é Sum-Sum?
Meu sogro, falando baixinho para que eu e a Stela não ouvíssemos, mas sem deixar a companheira sem resposta, disse:
É porque é chinês…

SAC CICA – Parte 4

Prezado Sr. Daniel,

Agradecemos por sua iniciativa de nos informar o ocorrido. Nosso intuito ao receber sua mensagem era de entrar em contato com o senhor rapidamente, para entender melhor a situação que descreveu e tomar as providências cabíveis. Por essa razão, pedimos seu número de telefone.

Para que possamos identificar o que aconteceu com o produto mencionado precisamos analisá-lo. Gostaríamos também de fazer o ressarcimento do produto em questão. Para tanto, gostaríamos de agendar um dia e horário para a retirada desse produto e seu ressarcimento. Esse procedimento é feito por um fornecedor credenciado – Dinâmica Group.

Ressaltamos que após a análise do produto entraremos em contato novamente com o senhor, para informar o resultado dessa avaliação.

Aguardamos com interesse sua resposta.

Um abraço,
Juliana
Relações com o Consumidor

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Juliana,

Infelizmente, eu não guardei o produto explodido.
Achei que meu relato já seria suficiente para vocês enquadrarem o caso em uma de suas hipóteses.

Abraços

Daniel